"2014 foi um ano brega" diz Falcão lançando novo álbum
Marina Tonelli
Do UOL, São Paulo
Lançando seu nono disco de estúdio, "Sucessão de Sucessos que se Sucedem Sucessivamente Sem Cessar", o irreverente cantor Falcão faz seu retorno às paradas de música brega. Ícone dos anos 90, em que ganhou o reconhecimento do público por sucessos como "I Am Not Dog No" e "Homem é Homem", o cantor falou com exclusividade à Rádio UOL sobre seu novo trabalho.
"O nome do disco veio de um programa de rádio lá dos anos 70 e que ficou na minha cabeça por muito tempo. Quando resolvi lançar esse disco de inéditas, coloquei esse nome para dar certo e para as pessoas aprenderem a escrever essas palavrinhas", contou com o costumeiro bom humor.
"Até para-choque de caminhão me inspira para fazer música, então tem de tudo no disco: corno, religião, política, tudo".
OUÇA O ÁLBUM "SUCESSÃO DE SUCESSOS QUE SE SUCEDEM SUCESSIVAMENTE SEM CESSAR"
Com 13 faixas, o álbum conta com canções como "Coração de Frango", "Fumando Numa Quenga" e "Você é a Letra X da Palavra Love".
"A 'Coração de Frango' é a única música do disco que não é minha, é de um camarada amigo meu. Achei interessante porque é uma analogia para traição. Meu amigo saiu com outra mulher e acabou encontrando a dele com outro cara num bar de churrasquinho no espeto. Aí ele fez essa analogia do coração dele ser o coração de frango no espeto", explica Falcão.
"Já 'Fumando Numa Quenga' é uma expressão usada no Ceará para quando a pessoa está brava e eu misturei isso com a música 'Smoke On The Water' do Deep Purple. que a tradução é tipo 'Fumando Sobre a Água'. E 'Você É a Letra X da Palavra Love' é aquela música romântica que o cara pode mandar a música pra namorada no dia dos namorados".
Apesar de toda a irreverência, o cantor também sabe ser sério. "Eu escrevo essas canções e tenho esse trabalho de tirar a carga pejorativa em cima das minorias, no caso o gay e o corno, porque essas brincadeiras mais leves tem como objetivo fazer as pessoas rirem, mas sem usar aquilo como humilhação", diz se referindo a discussão atual sobre o "limite" do humor. "Sem o humorista a sociedade não vive, a gente precisa ter um escape".
OUÇA A PLAYLIST "BREGA" NA RÁDIO UOL
Quem vê a faceta brega e escrachada do cantor, não imagina que suas influências também vêm de nomes como Rolling Stones, Beatles e Bob Dylan e a rebeldia explorada pelos três ícones, para Falcão, se perdeu no rock atual.
"A essência do rock está ficando muito pasteurizada. Tudo está muito parecido com o pop, com o axé e o sertanejo, aí, no final das contas, tudo vai se transformar em uma coisa só e isso é muito ruim pra música brasileira", critica.
"Atualmente eu me considero o único cara irreverente na música brasileira, mas porque estamos vivendo em uma época que você ser irreverente é motivo para as pessoas caírem de pau em cima de você. A gente tá precisando ter um novo Raul Seixas, um Renato Russo ou Cazuza pra poder ser rock'n'roll".
Sobre 2014, o cantor finaliza: "2014 foi um ano altamente brega e eu ter lançado meu disco tornou o ano mais brega ainda, mas em 2015 tem tudo para ser o mais brega".
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