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40 anos do Rainbow: a banda que causou um vai-e-vem no heavy metal

UOL Música

01/03/2015 07h40

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Há exatos 40 anos era gravado álbum de estréia do Rainbow, "Ritchie Blackmore's Rainbow", um dos trabalhos seminais do heavy metal. A banda tem uma histórias mais interessantes do rock e funciona quase como uma árvore genealógica do som pesado na década de 70.

Formado pelo guitarrista Ritchie Blackmore após conflitos com o grupo que havia fundado, o Deep Purple,  o Rainbow se destacou não apenas pela qualidade e influência, mas também pelo vai-e-vem entre integrantes algumas das bandas mais importantes do rock das décadas de 70 e 80.

Entre os integrantes mais célebres, a banda contou, além de Blackmore, com mestres do calibre de Ronnie James Dio (Elf, Dio, Black Sabbath), Cozy Powell (Jeff Beck Group, Whitesnake), Joe Lynn Turner (Ynwgie Malmsteen's Rising Force, Deep Purple), Bob Daisley (Chicken Shack, Ozzy Osbourne, Uriah Heep) e Don Airey (Deep Purple, Ozzy Osbourne, Gary Moore).

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A história começa com o Elf, banda formada em meados dos anos 60 pelo vocalista e então baixista Ronnie James Dio – que viria a substituir Ozzy Osbourne no Black Sabbath em 1980 –, com uma sonoridade de blues pesado e distorcido,  solos de teclado e guitarra bastante virtuosos e vocais contundentes.

Em 1972, o grupo foi descoberto pelo baixista Roger Glover e o Baterista Ian Paice, do Deep Purple, que ajudaram a produzir e lançar o excelente primeiro álbum da banda, também chamado "Elf". Mal sabiam eles, mas estariam contribuindo para plantar a semente do que seria a debandada geral da formação clássica do Purple.

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No mesmo ano, os gigantes estavam no ápice da carreira com o clássico "Machine Head", que trouxe hits eternos como "Highway Star", "Space Truckin", a essencial "Lazy" e a insistente "Smoke on the Water". Enquanto o Elf conquistava um sucesso moderado abrindo shows da turnê do Deep Purple, os ânimos iam ficando mais exaltados do que nunca no ambiente interno da banda. No ano seguinte, o clima já era bem diferente.

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A disputa de egos entre o guitarrista e fundador Ritchie Blackmore e o vocalista Ian Gillan já estava ficando insustentável quando lançaram "Who Do We Think We Are". A banda também foi obrigada a fazer turnês mesmo querendo descansar entre lançamentos, o que aumentava ainda mais o estresse.

Assim, a formação clássica se separou pela primeira vez, com a saída de Gillan e Glover, que haviam sido convidados para se juntar à banda apenas três anos antes pelo próprio Blackmore. Em 1974, o Deep Purple manteve o alto padrão ao revelar o vocalista David Coverdale – que viria a fundar o Whitesnake anos depois – e trazer o baixista do Trapeze, Glenn Hughes.

"Burn" e "Stormbringer" foram os dois importantes discos gravados pelo Deep Purple com esta formação, mas mais uma vez o ego de Ritchie Blackmore era grande demais para caber em si. Ele ficou descontente com o som cheio de elementos de funk e soul que o grupo adquiriu com os novos membros e revoltou-se quando a banda não quis tocar duas músicas que ele havia proposto: o cover de "Black Sheep of the Family", escrita por Steve Hammond, e "Sixteenth Century Greensleeves", dele próprio.

Foi a gota d'água. O guitarrista então decidiu deixar a banda que havia fundado em 1968.

Sem a resistência de Blackmore e com um americano no elenco, o guitarrista Tommy Bolin, o disco "Come Taste The Band", lançado pelo Purple em 1975, ganhou uma cozinha com mais elementos de funk e soul, com o baixo cheio de groove de Glenn Hughes e a bateria impecável de Ian Paice em faixas como "Gettin' Tighter" e "I Need Love".

Isso tudo sem deixar de lado os riffs marcantes, como em "Love Child", mostrando que Tommy Bolin cumpriu seu papel dando mais liberdade à banda.

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Do outro lado dessa briga, Ritchie Blackmore decidiu juntar-se aos integrantes do Elf, que ainda abriam seus shows, e formar sua própria banda. Assim nascia o Ritchie Blackmore's Rainbow. Resgatando uma sonoridade mais intransigente e homogênea, combinando os riffs e solos de Blackmore com o vocal agudo e rasgado de Dio, o grupo adotava uma fórmula mais coesa e próxima do heavy metal do que o que o Deep Purple estava fazendo.

Com hits como "Man on The Silver Mountain", "Catch the Rainbow", "Self Portrait" e "The Temple of the King", além das canções recusadas pelo Purple, "Black Sheep of the Family" e "Sixteenth Century Greensleeves". A produção é assinada por Martin Birch, que também trabalhou com Wishbone Ash, Whitesnake, Blue Öyster Cult e Iron Maiden, e continuaria trabalhando com o Rainbow até 1979

Para o segundo disco, "Rising", lançado no ano seguinte, o egocêntrico guitarrista decidiu reformular a banda e demitiu todos os ex-integrantes do Elf, menos Ronnie James Dio. Foram contratados o baterista Cozy Powell, o baixista Jimmy Bain e o tecladista Tony Carey,  trocando os resquícios de blues ainda presentes por muma sonoridade mais agressiva.

Dio continuou com o grupo até o terceiro álbum, "Long Live Rock 'n' Roll", de 1979, e se despediu da banda para gravar o essencial "Heaven and Hell" com o Black Sabbath. O Rainbow manteve-se fiel ao som idealizado por Ritchie Blackmore apesar de alguns altos e baixos e muitas trocas de formação.

O fim da banda veio com a reunião do Deep Purple em 1984, quando o excelente "Perfect Strangers" foi gravado. No entanto, os desentendimentos entre Blackmore e Gillan continuariam a acontecer e o último disco da formação clássica foi o excelente "The Battle Rages On", de 1993.

Depois disso, o Rainbow seria retomado para um último trabalho, mas o guitarrista encerraria a banda em definitivo ainda nos anos 90 para se dedicar a outros projetos como a Blackmore's Night.

O Rainbow foi pivô de um verdadeiro vai-e-vem que movimentou o mundo do heavy metal e abalou suas estruturas para sempre. O que fica de toda essa história são discos excelentes e obrigatórios para qualquer fã de música.

André Cáceres
Rádio UOL

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