"O intelectual da USP tem a mesma voz que o idiota do vilarejo", diz Dinho
Líder de uma das bandas brasileiras mais bem-sucedidas das últimas décadas, Dinho Ouro Preto falou com o UOL sobre o show em São Paulo do Capital Inicial neste sábado (10), a forma de se consumir música atualmente, além de novas influências e, claro, política: "As discussões são de um maniqueísmo muito pueril", analisa.
Com o álbum "Acústico em NYC" lançado no fim do ano passado, o Capital quis arriscar. "Esse disco tem um propósito de sair do formato que as pessoas estão acostumadas a nos ver. A gente rearranjou todas as musicas, ou acabamos mudando o tom", diz o cantor.
O lado energético de Dinho fica deixado um pouco de lado, mas ainda assim o cantor admite que nem no acústico fica parado. "Todos ficam sentados menos eu. Não tem nada high-tec, mas é lindo o cenário e as luzes são de uma simplicade quase infantil".
A primeira apresentação do novo formato já foi vista em São Paulo no início do ano, mas o show agora tomou mais corpo. "Sempre tem o nervosismo da estreia. No começo dos ensaios aqui em casa, com 3 violões, o [produtor] Liminha veio e direcionou cada um dos instrumentos. O grande lance desse show é vê-los tocar. Acústico não é simplesmente trocar a guitarra pelo violão".
O início no punk e toda a revolução no rock brasileiro da década de 80 foram as bases sonoras do cantor, mas afirma que no Ipod tem de tudo. "No carro eu ouço direto The Killers. Eu tenho muitas fases, mas gosto muito de Arctic Monkeys, Jack White e Far From Alaska, por exemplo. No carnaval deste ano a gente ouviu uma coisa muito louca também, que misturava reggae e axé, chama BaianaSystem".
"O que eu vejo é que essas bandas têm uma dificuldade muito grande em alcançar o grande público. O talento está aí, está cheio de música boa. Eu sou um fã fervoroso do rock brasileiro, acho que o rock é circunscrito do português. Se fosse possível traduzir 'Comida', dos Titãs, para o inglês, teria sido sucesso no mundo inteiro. A qualidade do rock brasileiro é comparada com qualquer país do mundo, em qualquer cena do mundo".
Mesmo que a internet possibilite maior facilidade em divulgação de trabalhos e acaba sendo uma vitrine para a nova geração que quer fazer música, Dinho critica que qualidade não é sinônimo de quantidade. "A internet é um oceano de informação, muito difícil pinçar alguma coisa, ter uma curadoria".
Outro ponto de discussão foi o momento conturbado em que o Brasil se encontra na esfera política. "Não sou PT nem PSDB. Votei na Marina", disse Dinho. O vocalista ainda acredita que o Brasil vive em um raciocínio binário. "Vejo essas discussões, esses xingamentos, como se o PT tivesse inventado a corrupção. O PSDB ao mesmo tempo parece satanizar o PT. O Umberto Eco falava que a internet tinha dado voz ao idiota do vilarejo. O intelectual da USP vai ter a mesma voz que o idiota do vilarejo", completa.
"A Dilma me incomodava, mas o impeachment me incomoda também. O Temer me incomoda. Acho que a melhor solução seria uma nova eleição", termina.
Capital Inicial Acústico NYC– Espaço das Américas
Data: 10 de setembro (sábado)
Horário: Abertura da casa: 20h30
Início do show: 23h00
Censura: 14 anos
Local: Espaço das Américas (Rua Tagipuru, 795 – Barra Funda – São Paulo – SP)
Capacidade da casa para este evento: 6.574 lugares
Acesso para deficientes: sim
Ingressos: Nas bilheterias do Espaço das Américas (de segunda a sábado das 10h às 19h – sem taxa de conveniência) ou online https://goo.gl/9nToKh.
Formas de Pagamento: Dinheiro, Cartões de Credito e Debito, Visa, Visa Electron, MasterCard, Diners Club, Rede Shop. Cheques não são aceitos.
Rodolfo Vicentini
UMD
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