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Nos 70 anos de Eric Clapton, relembre grandes momentos do slowhand

UOL Música

30/03/2015 06h39

Um dos maiores guitarristas de todos os tempos, Eric Clapton é o artista mais vezes introduzido ao hall da fama do rock 'n' roll em toda a história com nada menos que três consagrações, pelos trabalhos solo, com os Yardbirds e com o Cream.

Apesar de todo o prestígio de que goza e influência que tem na genealogia do rock, o slowhand é, na verdade, um homem do blues. Clapton revolucionou para sempre o estilo do delta do Mississipi nos anos 60 e continua sendo um ícone até hoje.

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O músico britânico começou a carreira em 1963 com os Roosters, mas sua primeira aparição notável se deu com os Yardbirds ainda no mesmo ano. O grupo, que também serviria de celeiro para a formação de outros guitarristas lendários como Jeff Beck e Jimmy Page, tinha fortes inspirações no blues.

A primeira parceria de peso da carreira de Clapton foi nessa época com o irrepetível Howlin' Wolf. No entanto, com os rumos mais pop que a banda tomou em 1965 por culpa de seu empresário Peter Grant, se afastando das raízes do blues, Clapton decidiu se aventurar em novas empreitadas.

Howlin' Wolf & Yardbirds – Little Red Rooster

Assim surgiu outra parceria que sobrevive até os dias atuais, apesar da efemeridade com que se deu. Os Blues Breakers foram uma banda pioneira que também revelou talentos como Mick Taylor, que viria a tocar com os Rolling Stones entre 1969 e 1974, e Peter Green e Mick Fleetwood, membros fundadores do Fleetwood Mac.

Em 1965, o grupo de John Mayall esteve reforçado por Eric Clapton, que chegou a gravar um disco com os Blues Breakers. Foi então que ele conquistou admiração entre os fãs de blues e uma pichação anônima na estação do metrô do bairro de Islington se tornou célebre por elevá-lo ao status de um deus da guitarra pela primeira vez: "Clapton is God".

Em 1966, já com pinta de astro após passar por duas bandas expressivas, Eric Clapton formou um dos primeiros super grupos da história do rock ao lado do baixista Jack Bruce e do baterista Ginger Baker, famosos pelo trabalho anterior na Graham Bond Organization. O Cream emplacou hits eternos como "Sunshine of Your Love", "White Room" e "Strange Brew", e influenciou diretamente o blues eletrificado que daria origem ao hard rock e heavy metal dos anos 70, incorporado por nomes como Led Zeppelin, Deep Purple e Uriah Heep.

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O Cream tinha como fã ilustre ninguém menos que Jimi Hendrix, que foi à terra da Rainha para acompanhar um show da banda mas não se contentou apenas em assistir e subiu ao palco para tocar junto de Clapton, um guitarrista no qual ele se inspirava assumidamente.

Com a ascensão do ego de seus integrantes, o colapso do já gigante Cream resultou na debandada de Clapton e Baker, que formaram mais um projeto paralelo, que resultou no disco homônimo "Blind Faith" em parceria com o experiente Steve Winwood, produtor e fundador do Spencer Davis Group e Traffic. Logo antes do fim do Cream, o slowhand emprestou sua habilidade à banda de um amigo chamado George Harrison. Ele gravou a faixa "While My Guitar Gently Weeps", presente no álbum branco dos Beatles, em 1968. A amizade entre Clapton e Harrison renderia polêmicas, pois a modelo Pattie Boyd, então casada com o beatle quieto, acabaria por conquistar o coração do journeyman.

Em 1970, um dos projetos de maior sucesso de Eric Clapton, Derek and the Dominos lançaram um disco repleto de músicas românticas, entre as quais "Layla" havia sido inspirada pela esposa de Harrison. Após a separação deles, Boyd se casou com Clapton, de quem se divorciou em 1988, não sem antes receber a linda faixa "Wonderful Tonight" como homenagem.

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Com o fim dos Dominos, Clapton deu o pontapé inicial em sua carreira solo, que seria extremamente bem sucedida, com um disco autointitulado. Muitos dos grandes momentos da trajetória do slowhand – incluindo o disco "Slowhand", de 1977, que continha "Cocaine" e "Wonderful Tonight" – estão nessa fase do músico. Apesar da produtividade na década de 70, o consumo exagerado de drogas começou a afetar Clapton.

Após anos difíceis na vida pessoal, que se refletiram na produção artística, o journeyman voltou aos holofotes nos anos 80 com álbuns mais comerciais, mas sem o mesmo sucesso de antes. A volta por cima se deu após uma tragédia. O filho Conor, de apenas 4 anos, faleceu após cair da janela de um quarto no 53º andar. O acidente inspirou a balada "Tears in Heaven", que foi destaque do essencial disco acústico "Unplugged", lançado em 1992, rendendo um Grammy e a volta ao olimpo do rock.

Algumas parcerias mais recentes demonstraram o enorme raio de ação do músico, como os trabalhos "Riding With The King", disco de versões de clássicos do blues e composições modernas ao lado de B.B. King, lançado em 2000 e muito bem recebido pela crítica, e "The Calling", do mesmo ano, em parceria com o ícone latino Carlos Santana. Trabalhos em conjunto com Steve Winwood e JJ Cale aumentaram ainda mais essa bagagem.

Agora, completando 70 anos de idade, Clapton já é um dos dinossauros sagrados do rock e continua na ativa com shows e lançamentos, apesar de já apontar para uma carreira mais reclusa em estúdio nos próximos anos. O slowhand começou como um purista do blues e o elevou a níveis nunca antes imaginados, mas passou a se reinventar e tornou-se um guitarrista completo que pode transitar facilmente por muitos estilos, do reggae ao pop, sem perder a essência, e é por isso que ele merece todas as homenagens por suas sete décadas.

André Cáceres
Rádio UOL

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