"A intenção é mostrar um som diferente", afirma Corina sobre primeiro álbum
UOL Música
20/01/2016 14h21
A cantora Corina Magalhães lançou no fim do ano passado o primeiro álbum da carreira. "Tem Mineira no Samba" é uma grande homenagem a 14 compositores do estado do pão de queijo, mas deixando sempre em primeiro plano a personalidade de Corina, que, junto com o produtor Edu Malta, deram outra cara às canções.
Clique para ouvir o álbum de estreia da cantora.
Em entrevista ao UOL Música Deezer, a mineira fala sobre a dificuldade em fazer o álbum de estreia, o peso de regravar clássicos de artistas consagrados, como Milton Nascimento e João Bosco, e crítica o rumo comercial da música.
UOL Música Deezer: Como a música entrou na sua vida e quais artistas a influenciaram durante a carreira?
Corina Magalhães: Meu interesse pela música surgiu naturalmente. Meu primeiro contato com a música foi através do piano aos 7 anos. Um dia, chamei meu pai e cantei uma música pra ele, que gostou do resultado e me colocou em um conservatório para estudar canto. Aos 10 anos, eu já estava cantando em clubes, bares, e em toda região do Sul de Minas Gerais. Mais tarde, quando vim pra São Paulo, comecei a participar do Coral Cênico da Unifesp, fazendo alguns musicais. Conversei com muitos músicos e acabei conhecendo o Caiubí, que é um clube de compositores.
Na minha formação musical tive como maiores influências Clara Nunes, Nara Leão, Gal Costa, João Bosco, Chico Buarque e Rosa Passos. Tenho muita influência também de estilos musicais, caso do choro, o samba e o jazz. E hoje, tenho influência muito forte dessa nova geração de músicos que compõem canções lindas e que estão fazendo coisas novas com sonoridades diferentes. Nesse meu trabalho atual, por exemplo, tem muita influência do Munir Hossn, que é um músico multi-instrumentista, e que traz uma proposta bem diferente em suas composições. E tenho influência forte de amigos, como o Edu Malta, que é músico, compositor e o produtor musical do meu disco. Acho que a interação com os músicos da nova geração, que trazem propostas diferentes, faz com que meu trabalho se enriqueça.
UMD: Rolou alguma pressão em regravar tantos mestres da música brasileira, ainda mais para um álbum de estreia?
C.M: É sem dúvidas uma grande responsabilidade (risos). É uma honra ter a oportunidade de regravar músicas de compositores que sempre fizeram parte da minha formação musical e que admiro tanto. Fiquei muito feliz em poder fazer essa homenagem e ter esse desafio de regravar esses mestres, por isso esse trabalho é muito especial pra mim.
UMD: Como foi a produção e qual a maior dificuldade que você sentiu em "Tem Mineira no Samba"?
C.M: Foi um trabalho longo, mas muito interessante pra mim. Por ser meu primeiro álbum, foi uma descoberta a cada passo. Fiz tudo com muita dedicação e aproveitei cada momento para aprender, desde a escolha do repertório, passando pelo conceito de como seriam os arranjos, escolha dos músicos, processo de gravação no estúdio, até os momentos finais depois da gravação. Foi com certeza um enorme aprendizado pra minha carreira. Por ser um disco de intérprete, e não ser autoral, um dos desafios foi fazer todo o processo burocrático na busca de todas as editoras dos compositores para obter a autorização e os direitos para gravar essas músicas. Mas agora pro próximo já sei o caminho! (risos).
UMD: Como foi a seleção de músicas para o álbum?
C.M: Foi muito prazerosa, mas ao mesmo tempo foi difícil ter que escolher apenas 14 dentre tantas canções lindas. O estudo foi além do repertório. Foram mais ou menos 6 meses de pesquisa, onde estudei um pouco sobre a vida de cada compositor que escolhi, procurei saber se havia alguma história interessante entorno de cada música selecionada, e algumas canções escolhi por terem um significado pra mim, por terem feito parte da minha carreira desde o início. Depois que escolhi as músicas, levei para o produtor musical que ainda me deu mais algumas sugestões e chegamos juntos ao repertório final.
UMD: Suas interpretações deram um frescor para as músicas. Quem foi o responsável pelos arranjos?
C.M: Eu conheci o Edu Malta através da indicação de um amigo compositor. Pesquisei o trabalho dele e gostei. Depois conversamos sobre o projeto, e fomos descobrindo juntos a sonoridade para o disco. Foi algo que veio de encontro ao modo com o qual trabalha, então ele abraçou o projeto e fez um ótimo trabalho na criação, dando vida ao "Tem Mineira no Samba".
Nossa ideia foi de promover o samba clássico, mas num formato diferente e mais moderno. Nossa intenção foi de trazer para o disco uma sonoridade diferente, fazendo fusões de estilos como o choro, o jazz e o samba. E por muitos desses clássicos já terem sido regravados por grandes intérpretes, também me preocupei em trazer para minhas interpretações algo diferente do que já foi gravado anteriormente.
UMD: Por que escolher apenas compositores/cantores mineiros para prestar a homenagem?
C.M: Sou mineira, nascida em Cambuí, Sul de Minas Gerais. Então, o conceito desse trabalho veio da ideia que tive ao fazer um show homenageando minha terra natal e os compositores mineiros que admiro e que sempre fizeram parte da minha carreira. Por isso, resolvi fazer esse show só com canções de compositores mineiros já consagrados. Depois de toda pesquisa do repertório, entreguei ao Edu Malta para começarmos a pensar no show, que ia se chamar "Tem Mineiro no Samba", por causa dos compositores do estado. Depois que os arranjos ficaram prontos, achei tudo tão lindo, que me dei conta de que eu poderia gravar um CD com esse repertório. Então mudei o nome para "Tem Mineira no Samba", porque achei que eu poderia fazer parte disso também (risos).
UMD: Você acha que com o sucesso do pagode o samba acabou deixado de lado?
C.M: Não acho que o samba foi deixado de lado. O que mudou foi o cenário musical de um modo geral. O que não gosto é dos rumos em que a música está tomando atualmente. Mas isso está acontecendo independente do sucesso de um estilo ou de outro. O samba nunca vai perder o seu espaço, apesar do cenário atual, onde o mercado em geral e principalmente as mídias tradicionais estão muito focadas em coisas mais comerciais
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