Disponível com exclusividade em UOL Música Deezer, o novo álbum de Lenine, "The Bridge" é uma parceria com o maestro holandês Martin Fondse. Gravado ao vivo em Amsterdã, o trabalho traz 17 músicas em novos arranjos aliando o jazz sinfônico de Fondse ao suingue brasileiro de Lenine.

Um dos cantores e compositores mais queridos do cenário musical brasileiro, Lenine dispensa apresentações. Verdadeira fábrica de hits, o pernambucano de 57 anos está na estrada desde a década de 70, mas se consolidou como intérprete nos anos 90 junto com uma leva de artistas nordestinos como Zeca Baleiro e Chico César que devolveu a MPB às rádios adicionando boas doses de pop à receita.

A nova empreitada de Lenine surpreende portanto por aprimorar esta fórmula com a ajuda uma orquestra européia que une as linguagens do jazz e da música erudita. Em entrevista exclusiva ao UOL Música Deezer ele explica como surgiu a parceria com a Martin Fondse Orchestra e como duas identidades musicais tão diferentes à primeira vista conseguiram criar uma mistura homogênea em "The Bridge".

Ouça "The Bridge" com exclusividade em UOL Música Deezer:

UOL Música Deezer – O nome do projeto é "The Bridge", que tem a ver com as pontes do Recife e de Amsterdã, mas também com uma ponte entre os dois países e culturas, não? Permanece uma ligação entre a Holanda e Recife após tantos séculos?

Lenine – Pela ponte ser um símbolo, tanto para Amsterdã, quanto para Recife. Símbolo da cidade, da região, está tudo abaixo do nível do mar, tem uma série de concordâncias aí. Somos semelhantes geograficamente. Os canais povoam, as áreas de manguezais, alagado, tudo isso a gente tem em comum. A ligação é histórica, feita justamente por essas passagens, pelas colonizações de Maurício de Nassau, e está presente na vida de qualquer pernambucano.

UOL Música Deezer – Como é elaborar arranjos para uma orquestra para quem costuma trabalhar com banda ou sozinho? Ficou na mão do Martin ou você fez os arranjos com ele? Como se deu a escolha do repertório?

UOL Música Deezer – Levamos em consideração as canções que poderiam se adaptar ao universo sonoro da orquestra do Martin. Isso foi fundamental, pois ele tem uma assinatura sonora. E escolhemos as músicas que pudessem dar estímulo a isso. Ou seja, as canções que tinham arranjos que ele podia desconstruir, pegar elementos e transpor para a orquestra. Foi um trabalho delicado, refinado e extremamente afetivo com o meu repertório. Eu nunca me sinto sozinho, pois eu nunca faço nada sozinho. O que eu faço é coletivo, sempre!

UOL Música Deezer – O que pesa mais, a liberdade de haver mais instrumentos ou a responsabilidade e dificuldade de ter algo mais complexo para coordenar?

Lenine – O difícil é a simplicidade, quando você tem muita informação. Então a busca é ser simples, sintético, poder não ter arrodeios e chegar direto ao ponto. E o ponto é ser honesto e fazer uma crônica bacana.

UOL Música Deezer – Como foi possível botar o suingue e a espontaneidade lenineanos numa orquestra que toca com partitura?

Lenine – O Martin foi tão delicado ao ponto de perceber isso, que eu mudava as formas das músicas. E ele conseguiu fazer um tipo de nomenclatura com as mãos avisando quando era a primeira parte, quanto era refrão… Então independente da forma que eu tivesse executando a música, ele estava sempre atento, assim como todos os músicos, de ficar a sombra do que eu faço. Pois eu realmente mudo essas formas, feito a música pop: você tem tantos compassos, mas tem o dia em que você toca duas vezes, que você não faz o refrão, faz o refrão na segunda parte. E isso para o universo acadêmico, de orquestra, é muito difícil. O Martin conseguiu burlar fazendo uma nomenclatura manual, avisava para a orquestra onde estávamos.

Ouça mais Lenine em UOL Música Deezer:

UOL Música Deezer – Suas origens estão na MPB, como você me contou numa entrevista em 2008, no rock também. Já o Martin é um músico que une as escolas do jazz e da música erudita. Como foi o encaixa destes dois universos?

Lenine – Não tenho a mínima ideia, vê aí você e me diz como é que aconteceu (risos). Num primeiro momento, realmente são coisas díspares, parece distante, mas bastou um papo entre o Martin e eu durante 15 minutos para entendermos algo que foi primordial: apesar de universos distintos, a gente pensava a música de uma maneira muito igual, muito semelhante, muito parecida.

UOL Música Deezer – "Jack Soul Brasileiro" cita "Chiclete Com Banana" do Jackson do Pandeiro. Qual é a influência  dele no seu trabalho?

Lenine – Chiclete é uma citação dentro da música Jack Soul Brasileiro, onde eu faço uma homenagem ao Brasil e mais especificamente, através da musicalidade e repertório do Jackson do Pandeiro. Acho que ele é uma pessoa fundamental dentro do nosso DNA musical, especialmente do meu.

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