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Anie, formada por integrantes da Noturnall, fala com o UMD e lança clipe

UOL Música

17/11/2015 16h57

Anie

Logo da banda Anie, formada por integrantes do Shaman e da Noturnall

Um dos maiores nomes do metal nacional, a banda Noturnall tocou no Rock in Rio deste ano ao lado de Michael Kiski, ex- Helloween.

O novo projeto paralelo do grupo, chamado ANIE, é formado pelo baixista Fernando Quesada e pelo tecladista Junior Carelli, tendo como base apenas o violão e o piano.

A dupla falou com exclusividade ao UOL Música Deezer, além de lançar um clipe com três músicas que pode ser visto abaixo:

UMD: Como surgiu o ANIE?

FERNANDO QUESADA – O ANIE surgiu verdadeiramente de turnês das bandas Shaman e Noturnall. Durante as longas viagens tanto pelo Brasil como fora, eu e o Juninho sempre nos demos muito bem e sempre foi uma distração compor algumas músicas com violão e voz. O interessante é que temos gostos musicais muito parecidos principalmente quando se trata de músicas acústicas e baladas de rock. Por isso, foi muito natural todo o processo de composição, gravação, mixagem e a produção dos vídeos.

JUNIOR CARELLI – É um projeto que conversavamos já faz muito tempo e finalmente conseguimos colocar em prática. Tivemos a ideia de fazer um nome pouco comum para projetos de rock e decidimos lançar em um novo formato, chamado Sample Video, onde lançamos 3 músicas + entrevista. O fato de ser inteiro em inglês se deve pelo projeto ter começado na gringa. Uma gravadora dos EUA , que é a In Grooves, se interessou por lançar o projeto primeiro nos lá e depois no resto do mundo. Felizmente, conseguimos que ela fizesse o lançamento aqui no Brasil também!

UMD: Por que o nome ANIE?

J.C: ANIE tem duplo sentido. Primeiro, em nossa última tour na Europa, conhecemos uma mulher que se chamava Anie. Ela era a primeira pessoa da fila em nosso show em Madrid e estava sentada desde as 2 horas da tarde para um show às 23h na frente do bar com um sorriso estampado no rosto. Não parecia uma pessoa com uma boa situação financeira, mas ela olhou para nós e disse que estava muito feliz simplesmente por estar lá. Quando perguntamos se ela ia de pista no show, disse que não tinha ingresso. À partir daí a conversa foi longe. Ela contou que vive a vida baseada nas oportunidades que se abrem naturalmente para ela. Que se o destino fez ela chegar até a porta do show, talvez ela conseguiria entrar e viver mais aquele momento da vida cantando e chorando conforme a música a levasse. COmeçou a contar os seus causos da vida e como se preocupava com o bem estar dos animais, das plantas e, mesmo sem ter uma educação cara, era uma das pessoas mais esclarecedoras e apaixonadas pela vida que já conhecemos.

F.Q: Além disso, ANIE tem as iniciais de ACOUSTIC NATURAL INTENSE EXPERIENCE. Essas palavras dizem realmente o que é o nosso som! Combinou certinho!

UMD: Por que sair um pouco do peso da distorção e entrar em um projeto acústico?

F.Q: Adoro o som acústico. O som do violão de 12 cordas é simplesmente fenomenal! O desafio justamente foi fazer um som com esses instrumentos sem o peso e sem a distorção, e mesmo assim conseguir com que o nosso público ainda assim nos ouvisse! Ficamos muito impressionados com o resultado e com os comentários e emails carinhosos que recebemos! Acima de qualquer coisa, nós somos músicos, e como músicos gostamos de variar, tentar novos instrumentos e fazer a nossa verdade com novos desafios!

J.C: Dentro do Shaman e Noturnall sempre fui o cara que procura usar o máximo de tecnologia para passar a ideia de um som pesado e moderno. É muito bom o desafio de conseguir passar emoção para as pessoas usando apenas um piano! A receptividade foi muito acima do que esperávamos e estou muito feliz em poder fazer tanto o som pesado com distorção e sintetizadores, como um som mais sério e ao mesmo tempo delicado e intenso com violão de 12 cordas e piano.

UMD: Como surgiu a música na sua vida e quais as principais influências?

F.Q: Eu fui em uma loja e vi a capa do CD A REAL LIVE ONE, do Iron Maiden. Aquela imagem , aos meus 9 anos de idade, me chocou e  a minha mãe, sempre boazinha, comprou aquele CD para mim. Fiquei viciado totalmente. Um dia quando eu ainda tinha 9 anos, eu fui na casa de um vizinho em um aniversário e ele ganhou uma guitarra de presente. Eu peguei a guitarra e consegui tocar um trecho de uma música do Iron Maiden, chamada Wasting Love. Todos ficaram perplexos de como alguém com 9 anos, sem nunca ter encostado em um instrumento, conseguiu tocar. Na outra semana, meus pais me deram uma guitarra e um violão, e, à partir daí, a música tomou proporções gigantescas em minha vida e hoje posso falar que vivo da música. As minhas maiores influências são Iron Maiden, Dream Theater e uma pessoa em especial que me influenciou muito na carreira musical com os seus gostos, indicações e com suas composições, que foi o mestre Thiago Bianchi.

Anie 2

Fernando Quessada e Junior Carelli preparam mais um vídeo

UMD: Quais as diferenças entre tocar no Shaman e na Noturnall?

F.Q: O Shaman foi incrível. Fazer parte daquele momento e daquele grupo com aquela história era demais. Admiro muito o Ricardo Confessori. Tive meus problemas com ele e hoje nem mantemos mais contato. Provavelmente, se entrarmos em contato sai briga…Mas mesmo assim ele me ensinou muito e vivi momentos impagáveis, que é o que realmente importa. A Noturnall já é um projeto mais sólido, onde nós construímos (e estamos construindo) uma história com o nosso próprio suor desde o começo. Tocar na Noturnall é como matar um leão por dia. É enfrentar problemas financeiros e vencê-los, é enfrentar o público e se provar novamente do que é capaz, é ter que viver em 2 anos o que uma banda vive em 15. Estamos muito felizes com o resultado.

J.C: Entrei já no final da segunda fase do Shaman, mas o que sinto é que a Noturnall é mais verdadeira. Tocar com o Thiago, Léo, Quesada e Aquiles é como tocar comigo mesmo no meu quarto. É natural. Tudo acontece muito bem e com pouco ensaio. Na Noturnall, temos mais liberdade de composição também, já que criamos o estilo desde o começo! O legal é que lá podemos fazer desde um gutural até um acústico.

UMD: Como foi tocar no Rock in Rio, ainda mais ao lado do mestre Michael Kiske?

J.C: O Rock in Rio sempre foi um sonho para todos da banda. Todos tinham histórias com o Rock in Rio na infância. Foi muito legal poder participar daquela estrutura toda e poder estar no olho do furacão naquele dia tão especial. Ficamos muito felizes em dividir camarim com aquelas bandas todas, conhecer novas pessoas e, principalmente, em termos a chance de mostrar o nosso som para tanta gente. Acho que todos os músicos do Brasil gostariam dessa oportunidade, e eu me senti muito honrado em poder estar lá e realizar esse desejo e sonho de tantos anos.

F.Q: Cresci ouvindo Michael Kiske. Cantar com ele foi demais. Mas melhor do que cantar com Michael Kiske foi tocar com os meus companheiros de banda, com a mãe do Thiago e poder ver aquele monte de zumbis em cima do palco. Se as pessoas soubessem o trabalho que dá planejar um show desses, elas entenderiam o que estou falando! Tocar no Rock in Rio é um sonho, e me sinto muito feliz com o nosso show e com toda a repercussão que teve! A única pena é que passa rápido!

UMD: Como vocês veem a cena atual do heavy metal no Brasil?

J.C: Um estilo de 70% dos músicos estudados, inteligentes, batalhadores e determinados. Com certeza o melhor celeiro de todos os estilos que temos no país. Um estilo com muitos apaixonados e com muita força e garra. Tocar heavy metal no Brasil não é fácil e precisa ser muito teimoso para não parar. O que vejo um pouco negativo é a falta de informação às vezes sobre o mercado da música, lançamento, distribuição e rendimento. Como em todo músico muito apaixonado, falta a facilidade de olhar para a razão e se informar o máximo possível, não só na música, mas aos arredores dela e em todo mecanismo da indústria independente e digital que domina o cenário atual.

F.Q: Sempre quando vejo um metaleiro debulhando em seu instrumento e falando sobre aspectos técnicos, me orgulho muito de fazer parte deste clã. Mesmo com toda a facilidade tecnológica e o caminhão de informação rápida que recebemos diariamente, é impressionante o foco e determinação dos músicos de heavy metal que ainda se concentram, estudam instrumentos e conseguem ouvir e decorar músicas de 6 a 9 minutos. Não é à toa que o rockeiro (acústico ou com distorção) é sem dúvida o público mais inteligente do Brasil.

Rodolfo Vicentini
UOL Música Deezer

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