Ricardo Batalha, da Roadie Crew, monta playlist exclusiva e fala de metal
Foi o "Vol. 4", do Black Sabbath, que mudou a vida de Ricardo Batalha, redator-chefe da revista Roadie Crew, especializada em heavy metal e hard rock.
Clique aqui para ouvir a playlist "Campo de Batalha"
Além de ser "professor" e montar uma playlist especial para o UOL Música Deezer, apenas com músicas tradicionais do gênero, Ricardo deu uma entrevista exclusiva, em que fala sobre o começo no meio da música e analisa a atual cena do metal brasileiro.
UOL Música Deezer: Como surgiu a paixão pelo heavy metal?
Ricardo Batalha: Foi uma sorte tremenda, porque meu pai era advogado da Odeon, então ele recebia todo final de ano caixas de vinil. Aos 10 anos, eu escutei o "Vol. 4", do Black Sabbath, e comecei a ouvir todo dia esse disco. Meu pai trabalhava na mesma rua onde ficava a tradicional loja Woodstock, e um office boy do trabalho me levava lá quase todo dia. Quando conheci o Walcir Chalas (proprietário da loja), ele virou meu professor de heavy metal. Sabe, minha mãe ouvia Elvis, Bill Haley, essas coisas. E a discoteca estava na moda. Quando eu coloquei o "vol. 4" para rodar, eu nem sabia que tipo de música era aquela. Eu fui pegando os conselhos do pessoal, e comecei a ouvir Judas Priest, Dio, entre tantos outros.
UMD: E quando você decidiu que escreveria sobre música, principalmente heavy metal?
R.B: Do meio para o final dos anos 1980, eu fazia uns fanzines (revistas editadas por fãs), uma coisa herdada do punk. E eu fiz meu fanzine com dois amigos que jogavam basquete comigo. E era datilografado à máquina, cortado e colado como eram feitos naquela época.
UMD: E como foi a passagem para a Roadie Crew?
R.B: Também foi por fanzines, por troca de materiais. Eu já tinha escrito em algumas revistas de músicas, só que eu tinha um fanzine e pedi para o dono da Roadie Crew o material da banda dele, para a gente fazer um texto. No fim, acabamos trocamos materiais de banda, e acabei entrando na revista em 1996. Na época, a Roadie Crew também era uma fanzine, acabou virando uma publicação mensal apenas em maio de 1998.
UMD: Qual a maior dificuldade em escrever sobre música?
R.B: Não tenho assim dificuldade, por exemplo, em fazer crítica sobre show, ou falar de algum álbum e etc. O grande problema é acompanhar todos os lançamentos que saem. Ano passado, eu até brinquei que foi o recorde mundial de lançamentos, porque recebemos mais de 1000 lançamentos. E nós sabemos que os fãs acompanham a gente, mas é impossível dar atenção a todos.
UMD: E por que deu esse boom?
R.B: Hoje em dia está mais fácil. O cara ouve a banda, aprende o instrumento, pode gravar uma bateria em estúdio e consegue gravar já. Não tem mais aquele lance de esperar a banda crescer para então a gravadora olhar e decidir se vai lançar ou não. Rapidinho já está na internet, que nem na Deezer.
UMD: A internet facilitou ou dificultou o seu trabalho?
R.B: Olha, antigamente a gente só conseguia entrevistar uma banda se fosse pessoalmente ou por telefone. Agora, você consegue ajeitar tudo pela internet, grava por skype, manda e-mail, enfim. E o bom é que todo o material é digital. Foto da banda em alta qualidade, o release, sabe? Isso facilita muito o nosso trabalho. Falando como revista, eu escuto que a gente não iria existir há 10 anos. Só que eu acho que parte desse medo já passou, acabamos nos adaptando. Tivemos que tirar algumas seções que não funcionavam mais com a velocidade da internet. Se a revista fosse de música em geral já teria acabado. Mas o público de heavy metal é muito fiel, e está sempre se renovando.
UMD: Como que você montou a playlist "Campo de Batalha"?
R.B: Eu decidi focar no heavy metal tradicional. Não quis ir para subdivisões como black metal, thrash nem nada. É como se fosse um capítulo para fazer outros, sabe? Esse é justamente para o cara que quer saber o que é heavy metal, então tem Black Sabbath, Judas, Accept, Dio, Ozzy, Iron Maiden… É como se fosse a aula 1 de um curso do gênero.
UMD: Como você analisa a cena do heavy metal no Brasil hoje?
R.B: Estou achando muito boa, porque não tem um só gênero que domina, entende? O pessoal está tocando o que gosta, não o que vende. Isso aconteceu durante um curto período dos anos 1980. A maioria está fazendo o som que ela quer, bem mais honesto.
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