Ugly Kid Joe volta após 15 anos e faz três shows no Brasil; leia entrevista
É difícil encontrar alguém que tinha ouvidos no início da década de 90 e não se lembre da música "Everything About You". Com seu riff simples, refrão grudento e clima bem-humorado, o primeiro (e maior) sucesso do Ugly Kid Joe é um dos símbolos da época.
A banda, com a atitude bem humorada que se espera de quem esteve nas trilhas de comédias como "Quanto Mais Idiota Melhor" e "Os Cabeça de Vento", fazia um interessante contraponto à seriedade de bandas que estouravam na mesma época, como Nirvana, Pearl Jam e Smashing Pumpkins.
"Um dos problemas que tivemos com a gravadora era que eles não sabiam o que fazer conosco", diz o vocalista Whitfield Crane, "mandavam a gente colocar garotas sexy nos clipes e nós púnhamos um cara tirando meleca dos dedos do pé".
Depois de mais alguns sucessos, como a balada "Cats in The Cradle", a banda encerrou suas atividades em 1997. 15 anos depois, estão de volta com um novo EP, "Stairway To Hell" e três shows marcados no Brasil: Florianópolis nesta quinta (9), São Paulo na sexta (10) e Porto Alegre no domingo (12).
Em entrevista exclusiva, Crane falou à Rádio UOL sobre os altos e baixos na carreira da banda, do início aos motivos da separação em 1997 e, é claro, o retorno em 2012.
Rádio UOL – Qual é a história por trás desta reunião da banda após 15 anos?
Whitfield Crane – O guitarrista Dave Fortman e o baterista Shannon Larkin, ambos ex-integrandes se reencontraram na gravação do novo álbum do Godsmack. O Shannon também toca no Godsmack e o Dave é um produtor incrível, muito famoso em todo o mundo e estava produzindo o disco. Durante a gravação eles começaram a conversar e tiveram a idéia de reunir o Ugly Kid Joe. Em seguida nós fomos nos telefonando e um ano depois estávamos no estúdio.
Rádio UOL – Lembrando dos anos 90, época em que a banda existiu originalmente, do que você sente falta?
Crane – Nos anos 90 eu fui livre. Tinha acabado de sair da casa dos meus pais, me tornei eu mesmo, entrei numa banda e foi muito excitante. Mas eu não sinto falta disso, apenas sou grato por ter acontecido. O que mais… Alice In Chains! Sinto falta do Alice In Chains com o Layne Staley (vocalista original, morto em 2002).
Mas na verdade eu não penso muito no passado. Vivo o momento atual e penso no futuro. Nós acabamos de gravar um EP chamado "Stairway To Hell" e isso é o mais importante para mim no momento.
Rádio UOL – Quando vocês começaram havia vários gêneros que faziam sucesso no rock pesado, como o "hair metal", o funk o' metal, o thrash e o grunge. Você diria que o Ugly Kid Joe era uma banda única nesse sentido?
Crane – Bem, nós certamente não nos encaixávamos em lugar nenhum. Nós tínhamos influências muito diferentes. O guitarrista, Dave Fortman é da Louisiana, no sul dos EUA, então ele ama Lynyrd Skynyrd e bandas do tipo, o baixista, Cordell Crockett, tem influências de funk e do Geezer Butler do Black Sabbath, eu amo o Ozzy Osbourne, o Rob Halford do Judas Priest e Bon Scott do AC/DC. Nós todos amamos Motörhead. O outro guitarrista, Klaus Eichstadt é um dos principais compositores da banda e a maior influência dele é o Abba. Ou seja, somos esquisitos!
O negócio também é que nós éramos muito jovens quando estouramos e não sabíamos o que estávamos fazendo. E isso é metade do que fez a coisa funcionar. Mas agora eu tenho 44 anos. Não digo que sou um mestre em alguma coisa, mas evoluí como cantor e como pessoa. Por isso, quando entro no estúdio eu tenho mais o que dizer e não fico nervoso.
Afinal, a banda hoje é apenas nós mesmos. Não temos empresário, não temos gravadora, não temos produtor, nada! Só nós mesmos, independentes! As pessoas dizem que são independentes mas é mentira, nós somos realmente. Só temos uma pessoa que marca os shows e acabou.
Somos uma banda orgânica e sempre fomos. A única coisa que nos prejudicou antes foi justamente quando a "máquina" da gravadora tentou nos obrigar a seguir uma direção que não era a nossa.
Rádio UOL – Que direção era essa?
Crane – Queriam que nós colocássemos garotas sexy nos clipes e nunca fizemos isso. Eles diziam "coloquem uma gostosa" e nós respondíamos, "não, vamos colocar um cara tirando meleca do dedo do pé". Eles não gostavam nada disso! E dá para entender, as outras bandas da Mercury na época eram Bon Jovi, Def Leppard e Scorpions e esse era o modelo para eles. Eram bandas ótimas, mas não tinham nada a ver com o Ugly Kid Joe.
Rádio UOL – Como foi o fim da banda em 1997?
Crane – Não sei se você já esteve numa banda, mas imagine passar sete anos sempre com as mesmas pessoas. Cada segundo da sua vida é para a banda, tudo o que você faz é relacionado com ela e com esses mesmos caras, tocando sempre as mesmas músicas. Não aguentávamos mais. Eu pessoalmente, poderia cantar para sempre, mas coletivamente a coisa tinha acabado. Em 1997 ninguém queria mais fazer parte da banda e tivemos a coragem de dizer "f***-se" e acabar com ela. Foi bom. Se você está num casamento ruim, termine e vá viver sua vida.
O principal é o seguinte: a maioria das pessoas nunca tem uma primeira chance. Imagine, você tem 24 anos e quer montar uma banda. De repente você está numa banda. Você então quer um contrato com gravadora. De repente você assina um. Então talvez alguém compre o disco. Alguém compra o disco. Ou seja, tivemos uma dádiva incrível, viajamos pelo mundo inteiro, incluindo o Brasil, tivemos experiências maravilhosas e então acabou.
Ou seja, só o fato disso ter acontecido, de termos tido essa oportunidade já é incrível. 15 anos depois eu entendo que foi um presente enorme, que não acontece com qualquer pessoa. E agora todo mundo está afim de tocar. Estamos pegando fogo, excitados novamente, acabamos de gravar um EP de seis músicas e nos amamos!
Rádio UOL – Outro dia eu estava vendo uma lista de artistas que só tiveram um hit e vocês estavam lá, apesar de terem tido vários. Você sente que o sucesso de "Everything About You" acabou assombrando a banda neste sentido?
Crane – Sejamos honestos, sem "Everything About You" você não estaria fazendo esta entrevista. Vejo a coisa desse jeito. Em 1995 fizemos uma turnê com o Bon Jovi e o Van Halen em estádios de futebol. Na maioria dos shows nós nem tocamos a música. Ou seja, eu odiava ela. Mas agora, 15 anos depois eu me dou bem com ela novamente, sou grato! Sem ela nós não iríamos ao Brasil.
Rádio UOL – E o que você se lembra dos shows por aqui?
Crane – Em 1994 nós tocamos no Hollywood Rock com o Aerosmith, Live, Sepultura, Whitney Houston, Poison e outros no Rio e em São Paulo e os shows foram fenomenais! O melhor público de todos os tempos!
Rádio UOL – E agora, como serão os shows desta vez?
Crane – Você vai ter que vir conferir! Estamos planejando algumas surpresas, mas por isso mesmo não podemos falar, é surpresa.
Rádio UOL – Um recado para terminar?
Crane – Estamos muito animados de ir tocar aí, todos estamos em ótima forma. Conhecemos bem o público latino e a eletricidade que vocês vão trazer ao show. Estamos ansiosos!
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Ugly Kid Joe, em Florianópolis
Quando: 9 de agosto (quinta-feira), a partir das 22h
Onde: John Bull Pub (Avenida das Rendeiras, 1046)
Quanto: R$50 no site https://www.blueticket.com.br
Ugly Kid Joe, em São Paulo
Quando: 10 de agosto (sexta-feira), às 19h
Onde: Santana Hall (Avenida Cruzeiro do Sul, 2737)
Quanto: R$120 (primeiro lote), R$140 (segundo lote). Com opção promocional e meia entrada no site www.entreseven.com.br
Ugly Kid Joe, em Porto Alegre
Quando: 12 de agosto (domingo), às 20h
Onde: Bar Opinião (R: José do Patrocínio, 834)
Quanto: R$80 (primeiro lote) R$100 (segundo lote), R$120 (terceiro lote), R$140 (quarto lote) no site www.opiniaoingressos.com.br
3 Comentários
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Ótima banda.
adorooooo, muito bom!!!!