Vocalista do Imagine Dragons revela influência brasileira em disco de estreia e vontade de visitar o Brasil na Copa

(Da esq. para a dir.) O Imagine Dragons é formado por Ben McKee (baixo), Dan Reynolds (voz), Daniel Platzman (bateria) e Wayne Serman (guitarra)

Oscar Fujiwara
Do UOL, em São Paulo

Sucesso nas rádios internacionais desde o final de 2012, a banda norte-americana Imagine Dragons é uma das sensações do rock alternativo e agora também vai escalando as paradas brasileiras. Formado em 2008, o quarteto de Las Vegas lançou o álbum de estreia "Night Visions" em setembro e já emplacou hits como "It's Time" e "Radioactive".

Liderado pelo vocalista Dan Reynolds, principal compositor, o grupo está há 35 semanas nas  listas de discos e músicas mais ouvidos nos Estados Unidos. Apesar das letras que focam na agonia, ansiedade e sofrimento, o grupo aposta em melodias otimistas e afirma que a intenção final é sempre fazer os ouvintes se sentirem menos sozinhos e mais compreendidos.

Em entrevista à Rádio UOL, Dan revela que a música brasileira foi uma importante influência em "Night Visions", pelo fato de seu pai ter vivido alguns anos no país e  conhecido a sonoridade de artistas locais, e mostra grande vontade de visitar o Brasil, tanto para assistir à Copa do Mundo de 2014, quanto para fazer shows.

A repercussão do disco de estreia foi uma surpresa?

Não fazíamos ideia. Nós estávamos com a banda há quatro anos e formando uma base de fãs. Nem sonhávamos com o sucesso que "Night Visions" faria. Ver as pessoas no mundo inteiro ouvindo e curtindo não poderia deixar a gente mais feliz. Me sinto como uma criança que realizou um grande sonho.

No Brasil, o grupo está entre as 100 mais tocadas há cinco semanas com "Radioactive". Tinha ideia dessa notoriedade por aqui?

Não sabia disso. Sempre tive vontade de visitar o Brasil. Meu pai viveu no país por alguns anos e sempre lembrava do quanto a comida e as pessoas eram boas. No colégio, em certa ocasião, tive que escolher um país para fazer um trabalho escrito e acabei optando pelo Brasil. Então, eu sei um pouco sobre a cultura,  as pessoas, mas só por meio de fotos e da internet. Tenho pedido para nosso empresário pensar em algumas datas para visitarmos o Brasil, porque queremos ver os fãs e tocar aí.

A música "On Top of The World" faz parte da trilha dos jogos "Fifa 13" e "Pro Evolution Soccer 2013". É verdade que você é fã do futebol brasileiro?

Sou um grande fã do futebol brasileiro. Quando jogo Fifa, ninguém pode escolher a seleção brasileira, só eu. Sempre gostei de jogadores como Pelé, Dunga e Romário. Adoraria ver uma partida de futebol no Brasil. Meu pai falou que essa é uma das coisas que tenho que fazer antes de morrer, porque ele disse que é tão selvagem e fantástico. Me contou tantas histórias de como os torcedores são loucos.

Teve a chance de conhecer muita música brasileira?

Meu pai tem alguns discos da época em que viveu no Brasil que soam muito como world music e isso influenciou muitas músicas do nosso álbum, como "On Top Of The World", que tem muitos instrumentos de world music. Isso vem da época em que meu pai ouvia álbuns do Brasil, que soavam muito alegres.

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Apesar das letras focadas no sofrimento e na agonia, as melodias  trazem uma mensagem mais otimista. Você acredita que sempre há um lado positivo na tristeza?

Acredito que o álbum tenha muita luta, porque a vida é uma luta. Sempre lidei com depressão e ansiedade, desde a infância. Da mesma maneira que esses pontos estão no álbum, também quis mostrar o lado positivo e um sentimento de "fuga". A intenção é fazer as pessoas se sentirem menos sozinhas e mais compreendidas depois de ouvir o álbum. No final das contas, espero que o disco inspira as pessoas a se sentirem um pouco melhor sobre a vida.

A vida foi muito dura com você emocionalmente?

Criação vem da dor e do sofrimento, é como a arte é criada. Se tivesse uma vida muito feliz, não sei se conseguiria fazer música. Não tive uma vida particularmente dura. Tive altos e baixos e isso me inspirou a criar música. Não quero fazer da minha trajetória uma história dramática, não foi diferente do que as outras pessoas passaram.

Las Vegas é uma cidade muito inspiradora?

Não dá para não ser influenciado pela cidade, ela tem tanta personalidade. Tem muita influência da cidade na nossa música, todas as luzes, o barulho. Isso nos influenciou a fazer um álbum amplo, como a cidade.

Já estão planejando o próximo álbum?

Estou sempre escrevendo. Quando estamos em turnê, sento no banco do ônibus e escrevo músicas. Depende do dia, tem dias que sinto falta da família e amigos e componho sobre isso. Uma bela cidade na Europa também pode inspirar. Posso estar um pouco  feliz ou triste, um pouco de tudo me influencia. "Night Visions" ainda tem um longo caminho pela frente, queremos ver o mundo e levar o trabalho a lugares como o Brasil antes de fazer um novo álbum.