10 Músicas Que Fizeram Moda - Parte 1
O século 20 inventou a cultura pop e o jovem como a categoria social que conhecemos hoje. Cada geração criou sua maneira de vestir e fez dela uma expressão de novos valores e rompimento com os antigos.
Pensando nisso, compilamos músicas que fizeram moda ou simbolizaram estas revoluções estética no século passado, desde o suingue das big bands na década de 40 até o punk e as discotecas.
É apenas a primeira parte. Aguarde a segunda com a new wave, hip-hop, grunge e outras inovações das décadas seguintes.
Cab Calloway – Jumpin' Jive (1943) – Zoot Suit
Uma das primeiras modas associadas à delinquência juvenil foram os chamados "Zoot Suits" na década de 1940. Eram ternos ultra largos usados em conjunto com chapéus e sapatos pontudos. Considerados um escândalo, eram o uniforme de gangues de jovens negros, hispânicos e ítalo-americanos que dançavam acrobaticamente ao som das big bands. Em 1943 o cantor Cab Calloway ajudou a popularizar o estilo com sua aparição no filme "Stormy Weather', uma das primeiras produções de Hollywood com elenco afro-americano.
Hank Williams – "Hey, Good Lookin"' (1951) – Country
Um dos criadores da música country moderna, Hank Williams influenciou milhões de jovens norte-americanos não apenas com suas canções, mas também com seu estilo que misturava os chapéus e botas dos cowboys a ternos bem cortados. A imagem, que inspirou todo o gênero, era a do caipira pop, estiloso sem abandonar suas origens.
Elvis Presley – "Blue Suede Shoes" (1956) – Rockabilly
Como um cruzamento dos dois ítens anteriores na lista, Elvis Presley popularizou o visual rockabilly da mesma maneira que criou o estilo musical, através da mistura e reciclagem inédita de elementos brancos e afro-americanos.
Antes da fama, já torrava o salário nas lojas de roupas extravagantes frequentadas pelos artistas negros de Memphis, Tennessee, causando sensação na cidade por ser o único branco que combinava sapatos bicolores a calças pretas e paletós cor de rosa, além dos litros de brilhantina sustentando o topete.
Miles Davis – "Milestones" (1958) – Jazz moderno/Ivy League
Diz a lenda que com o álbum "Milestones", o gênio Miles Davis transformou da noite para o dia os fãs de jazz moderno em vítimas da moda. Tudo por causa da capa, onde aparecia usando uma econômica e perfeita camisa verde com as mangas dobradas e botões no colarinho, à maneira casual dos universitários americanos, o "Ivy League Look". Após introduzir o conceito de "cool" na música, revolucionando o jazz, Davis trazia os mesmos valores econômicos para a moda. Estava decretado o fim dos ternos de ombreira e do visual excessivo da década de 50.
The Who – "I'm The Face" (1964) – Mod
No início da década de 60 a Inglaterra, ainda um país essencialmente conservador no que diz respeito à estética. Após os racionamentos da Segunda Guerra Mundial, pela primeira vez havia uma massa de adolescentes com dinheiro para gastar.
Parte destes jovens se inspirou no estilo sofisticados dos jovens franceses e italianos, dos artistas de jazz e rhythm & blues negros dos EUA e na tradição da alfaiataria inglesa para criar algo totalmente novo. Eram os modernistas, ou mods. Além do visual alinhado, eram entusiastas da música negra americana e das scooters. Em 1964, a banda The Who adotaria o estilo e passaria a se promover como porta-voz do movimento.
Jimi Hendrix – "Purple Haze" (1967) – Psicodelia
A droga favorita dos mods era a anfetamina, que os ajudava a passar fins de semana inteiros dançando ao som do rhythm & blues. Até que por volta de 1966 começa-se a ouvir falar numa nova droga, o LSD, que alterava radicalmente a consciência dos usuários. Era o fim da dança frenética e o começo da contemplação, das viagens interiores e de uma nova maneira de enxergar a vida. Outra alteração na consciência coletiva se deu na mesma época através do guitarrista americano Jimi Hendrix, que chegava à Inglaterra causando furor com sua mistura de blues e efeitos sonoros "espaciais".
Com estes novos elementos nascia o rock psicodélico. O visual teve que se adaptar e o estilo mod teve uma cria multi-colorida, exuberante e eclética, representado com perfeição por Hendrix e sua banda, a Experience.
John Lennon – "Give Peace a Chance" (1969) – Hippie
Se o primeiro estágio da moda após as experiências com o LSD foram as túnicas multicoloridas, o segundo foi o visual hippie despojado que reproduzia uma espécie de versão moderna do Jesus bíblico. Roupas simples, cabelos longos, barbas e pés descalços, tudo muito "natural" para simbolizar a mensagem de "paz e amor" de uma geração aflita pela guerra do Vietnã e pela repressão aos protestos de 1968. O maior porta-voz deste estilo foi sem dúvidas, o Beatle mais politizado, John Lennon, que no início de sua carreira solo pedia, barbudo e cabeludo como nunca, "apenas uma chance à paz".
David Bowie – "Suffragette City" (1972) – Glam Rock
No início da década de 1970 os elementos mais sofisticados da elite hippie já não queriam saber de pé sujo, discursos cansativos e música "cabeça". Foi a partir daí que artistas como Marc Bolan e David Bowie deram um giro de 180 graus e, com uma mistura de androginia, cores gritantes, botas de plataforma e uma volta ao rock and roll simples e direto, criaram o glam. Com seu espírito hedonista, teatral e bem humorado, este novo estilo dominou as paradas e os guarda-roupas na primeira metade da década.
Sex Pistols – "Anarchy in The UK" (1976) – Punk
Se o glam havia surgido como reação ao cansaço dos hippies, o punk surgia entre antigos fãs de Bowie e Bolan em busca de algo mais agressivo, que representasse melhor a desesperança de uma Inglaterra acometida pelo desemprego e conflitos sociais. No centro do novo movimento, os Sex Pistols tinham o apoio da Sex, uma boutique especializada em criar as roupas mais ultrajantes que se podia imaginar, espetando alfinetes na cara da rainha e estampando camisetas com imagens vindas da pornografia e da política radical. Paradoxalmente, a banda patrocinada por uma loja ajudou a divulgar o ideal do "faça você mesmo", inspirando jovens pelo mundo a fora a formarem suas próprias bandas e criarem seu próprio visual.
Bee Gees – "Stayin' Alive" (1977) – Disco
No final de 1977, o filme "Os Embalos de Sábado à Noite", estrelado por John Travolta, lançava ao mundo o estilo de vida das discotecas, que incluía visual, comportamento e um estilo musical próprio. Do dia para a noite, o mundo todo estaria aprendendo os passos de dança e imitando o guarda-roupas do protagonista Tony Manero.
O que pouca gente sabe é que a história, aparentemente um retrato fiel de um fenômeno real, na verdade havia saído de um artigo semi-ficcional do jornalista britânico Nick Cohn. Totalmente ignorante sobre as discotecas novaiorquinas, Cohn se inspirou nos mods londrinos da década anterior, adaptando seu comportamento ao novo cenário. Ou seja, o estilo que dominou o final dos anos 70 surgiu num filme, que por sua vez veio de um artigo inspirado numa subcultura dos anos 60. A vida imita a arte?



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