1º de Maio - Oito Músicas Sobre a Luta dos Trabalhadores

      1. "Construção" – Chico Buarque
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico

A mais marcante expressão da MPB sobre a condição do homem desumanizado e descartável, transformado em máquina e visto como tal pela sociedade.

 

2."Maggie's Farm" – Bob Dylan
Não, eu não vou mais trabalhar na fazenda da Maggie
Bem, eu acordo de manhã
Cruzo minhas mãos e rezo por chuva.
Eu tenho a cabeça cheia de idéias
que estão me deixando louco
É uma vergonha o jeito como ela me faz esfregar o chão.
Eu não vou mais trabalhar na fazenda da Maggie.

Clássico do bardo do folk rock que ilustra o processo de alienação e exploração do trabalho, em que pessoas "cheias de idéias" são neutralizadas pela labuta.

Colunistas do UOL

 

3. "Trabalhadores Brasileiros" – Espermogramix
Hora do almoço a marmita requentada
cheiro do azedo da antiga feijoada
Serviço nunca rende parece uma batalha
o cansaço sempre aumenta e a hora ultrapassa
As sete ele larga pra pegar o trem bendito
e a noite ele reza que não seja despedido

Hino do punk nacional que, ao contrário das duas anteriores, relata sem metáforas ou floreios o expediente e as agruras do dia a dia de um peão.

4."Career Opportunities" – The Clash
Odeio o exército e odeio a força aérea
Não quero ir lutar no calor tropical
Odeio as regras do serviço civil
E não vou abrir cartas bombas para você

 

Os ícones do punk inglês cantam sobre as parcas opções do jovem proletário britânico da década de 70, inspirados nas experiências do guitarrista da banda, Mick Jones em subempregos como "abridor de cartas bomba".

 

5. "Samba do Trabalhador" – Martinho da Vila
Na segunda-feira eu não vou trabalhar
Na terça-feira não vou pra poder descansar
Na quarta preciso me recuperar
Na quinta eu acordo meio-dia, não dá
Na sexta viajo pra veranear
No sábado vou pra mangueira sambar
Domingo é descanso e eu não vou mesmo lá
Mas todo fim de mês chego devagar
Porque é pagamento eu não posso faltar

 

Enquanto as outras canções desta lista são protestos sérios e carrancudos, o mestre do samba canta uma mensagem talvez até mais subversiva e radical nesta bem humorada defesa da vadiagem.

6. "Chain Gang" – Sam Cooke
O dia todo eles trabalham tão duro
Até o pôr do sol
Trabalhando na beira das estradas
Com a expressão carrancuda
Você os ouve suspirar enquanto a vida passa

 

O pioneiro da Soul Music se inspirou nos trabalhos forçados dos prisioneiros negros norte-americanos e seus cantos ritmados para levar à música pop um protesto que ecoava de maneira sutil os séculos de escravidão seguidos de segregação racial que mancharam a história dos Estados Unidos.

 

7."Working Class Hero" – John Lennon
Te mantendo drogado com religião e sexo e TV
E você se acha tão esperto, sem classe e livre
Mas você ainda não passa de um maldito plebeu até onde eu posso ver
Um herói da classe trabalhadora é algo para ser

O clássico do ex-Beatle (aqui na versão de Ozzy Osbourne) aborda de maneira ácida o sistema de classes tradicional, em que quem nasce por baixo é programado psicologica e socialmente para permanecer "no seu lugar".

8."Comida" – Titãs
A gente não quer só comida,
A gente quer comida, diversão e arte
A gente não quer só comida,
A gente quer saída para qualquer parte

Este hit do rock nacional dos anos 80 (aqui na versão de Nei Matogrosso), fala algo que deveria ser óbvio para qualquer pessoa que já tenha pegado no batente: sobreviver não é o suficiente, é preciso viver.