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Rei dos musicais Daniel Boaventura lança novo CD; leia entrevista exclusiva

UOL Música

22/05/2014 12h18


Com sua participação em peças musicais como "A Bela e a Fera", "A Família Adams" e "My Fair Lady" CD's e DVD's de sucesso como cantor e papéis na televisão como o PC, da série "Tapas e Beijos", Daniel Boaventura se consagra como um dos artistas mais versáteis do Brasil.

Agora, o soteropolitano de 44 anos está lançando seu quarto álbum de carreira, "One More Kiss". Uma coleção de clássicos do pop de várias eras, o álbum inclui desde sucessos de Frank Sinatra ao soul romântico de "Kiss And Say Goodbye", dos Manhattans. "São canções que eu sempre quis gravar dando a minha própria cara", diz Boaventura.

Além do disco recém lançado, o cantor e ator estréia também o novo show, com o repertório do trabalho. As apresentações acontecem nos dia 23/5 no Vivo Rio, Rio de Janeiro,  24/5 no HSBC Brasil em São Paulo e 11/6 no Chevrolet Hall em Belo Horizonte. 

Daniel Boaventura falou à Rádio UOL com exclusividade sobre sua trajetória, o novo álbum e a nova turnê.

D

Rádio UOL – Fale um pouco sobre o disco novo. Como foi a escolha do repertório?

Daniel Boaventura – São músicas que há muito tempo eu queria tocar. Algumas delas a idéia veio há pouco tempo, mas já faziam parte da minha lista de vontades. Eu não entrava em estúdio desde o CD italiano em 2010 e a repercussão do CD ao vivo durou mais do que eu esperava, graças a deus. Então só pude entrar em estúdio agora.
Quis manter a mesma linha, de pegar os clássicos, os standards e cantá-los da minha forma, num trabalho conjunto com o meu produtor, Guto Graça Mello.

Rádio UOL – Quais são as principais músicas do álbum?

Daniel Boaventura – Posso destacar uma música já fazia parte dos shows que eu vinha fazendo, "Kiss And Say Goodbye", dos Manhattans. Essa música fez parte da minha adolescência, eu ouvia pelo rádio com a namoradinha em Salvador, num momento muito especial da minha vida. Quando cantei ela num show pela primeira vez ela funcionou divinamente e eu pensei "ela tem que entrar no CD". Ela tem uma pegada R&B e eu adoro, sou muito ligado à música negra americana.

Destacaria também "Feelings". É uma música com uma história engraçada, porque fez um sucesso internacional absurdo e foi escrita por um brasileiro, que mora em Copacabana, o Morris Albert. Já foi interpretada pelos maiores artistas do mundo e estava esquecida. Tive a idéia vendo um DVD da Nina Simone ao vivo em Montreux em que ela canta "Feelings". Vi isso e fiquei surpreso, falei "que barato". Me estimulei pela versão dela.

Outra que eu destacaria é "Jeopardy" da Greg Kihn Band. Estava de carro um dia voltando de Angra dos Reis e pensando em como cantaria essa música. Fui cantando baixinho para não incomodar quem estava no carro e pensei "esta é a voz". Então pensei que podia começar com uma linha de baixo, como "Fever", uma música que eu gosto muito. Gravei a linha com a boca mesmo no iPhone e fui cantando por cima dela.

"My Way" também, porque é um clássico que também não é gravada há algum tempo e eu quis fazer de uma maneira diferente.

OUÇA DANIEL BOAVENTURA NA RÁDIO UOL

Rádio UOL – É um desafio agregar valor a músicas que já foram gravadas tantas vezes por intérpretes tão importantes. Como você coloca sua cara nessas músicas?

Daniel Boaventura – Primeiro a voz. Começa por aí. Em segundo lugar é o arranjo. O casamento dos dois é o que faz a música virar outra coisa. Vou pela vontade, pelo tesão de tornar minha aquela música. E acaba me satisfazendo.

Não é só criar uma versão diferente. É criar uma que seja satisfatória para mim e para a minha voz, para que eu não tenha que mutar minha voz para satisfazer um arranjo. As duas coisas têm que andar em conjunto e é aí que nasce algo diferente.

Rádio UOL – Pela sua idade é curioso que você tenha adotado esse repertório de musicais, standards, clássicos. Como você se apaixonou por esse tipo de música?

Daniel Boaventura – Sempre fui cantor. Comecei a vida como músico. Morei nos EUA entre 1978 e 1981. Uma matéria extra-curricular lá é aprender um instrumento e eu estudei trombone. Assim comecei a me apaixonar pela música, conheci o rock. Meu pai ouvia música erudita, então eu ouvia Queen na casa dos amigos e Ravel na minha casa.

No Brasil passei para o trumpete e flauta até chegar no saxofone aos 15 anos, que foi quando eu comecei a cantar. O canto me levou ao teatro, aos 20 anos, em Salvador. Nessa altura eu já ouvia mais jazz e daí migrei para o Frank Sinatra e Dean Martin, Louie Prima…

Quando comecei a ouvir Sinatra a ficha caiu.

OUÇA OS CLÁSSICOS DO POP TRADICIONAL

Rádio UOL – O pop tradicional, basicamente.

Daniel Boaventura – O pop tradicional de quando usavam bandas de jazz como acompanhamento. Você tinha big bands com arranjos formidáveis. Era uma qualidade musical absurda. Foi assim.

E como era cantar isso em Salvador? Muitos artistas que saem do padrão local, como Raul Seixas e Marcelo Nova já disseram que se sentiam oprimidos pelo clima musical da cidade.

Para mim não foi assim, sempre fui muito bem acolhido pelo público baiano. Sem dúvida, o maior mercado era o Axé. É uma cidade com uma cultura própria muito forte e bonita, mas não era isso que eu me sentia bem cantando.

Então saí de Salvador e quando começou a onda de musicais no eixo Rio-São Paulo eu achei que poderia ter uma chance, porque já tinha o hábito de cantar em shows e a experiência do teatro brasileiro. Adaptei essas duas coisas e deu certo. Comecei a fazer musicais estilo Broadway em 2000 já tendo feito musicais brasileiros desde 1990. Comecei como cantor, virei ator e agora estou cantor de novo.

Rádio UOL – Como intérprete qual é a diferença entre essas duas tradições de teatro, a brasileira e a americana?

Daniel Boaventura – O artista brasileiro tem um poder de adaptação fora do comum. Quando fiz "A Bela e a Fera" em 2002 com a produção original da Disney que veio para cá, nós tínhamos um "timeline" para cumprir. Teríamos duas semanas de ensaio no teatro antes de estrear, mas quando chegamos lá a peça já estava pronta antes do tempo.

A peça já havia sido montada em 16 países e o diretor americano disse que ela nunca havia sido montada tão rapidamente. E isso aconteceu por causa do elenco brasileiro. Hoje em dia o mercado é outro. Você já tem jovens de 16, 17 anos estudando por conta própria a técnica para os musicais e o nível está muito alto.

O que os americanos têm é uma tradição de décadas, assim como os ingleses, que ainda por cima têm o reforço de terem tido um Shakespeare. E o Brasil tem uma história teatral forte e assimila isso da nossa forma. Já temos musicais deste tipo no Brasil há uma década e meia e estamos indo de vento em popa.

Resumindo, o brasileiro tem uma verve maior, uma força muito grande em cena.

Rádio UOL – Quais são os obstáculos para uma aceitação ainda maior do teatro musical no Brasil?

Daniel Boaventura – Já está sendo muito bem aceito, tem público de sobra. O brasileiro é rítmico de nascença, se identifica muito com o musical. Com uma peça versada para o português, aí é sopa no mel.

O desafio é adaptar esse know how técnico americano e inglês adaptado às nossas histórias, ao nosso libreto. O libreto do musical é algo que tem que ser feito com muita ciência. Mas estamos conseguindo.

Rádio UOL – E quais foram os musicais que você mais gostou de fazer?

Daniel Boaventura – "A Família Addams", "A Bela e a Fera"… "My Fair Lady" foi um musical muito bonito, que fez um sucesso enorme. Mas principalmente que as pessoas se envolviam e saíam felizes.

Rádio UOL – E sua carreira na TV, como está?

Daniel Boaventura – Muito bem! Continuo fazendo "Tapas e Beijos", é uma delícia fazer o personagem PC. Sou abordado na rua com muito carinho. Estou conseguindo caminhar entre a TV e a música tranquilamente.

Rádio UOL – E agora, com o lançamento do disco, quais são os planos?

Daniel Boaventura – Foco na turnê e no projeto. Temos um cenário novo para o show e o repertório é baseado nas músicas novas, mas sem deixar de lado algumas dos CDs anteriores.

Rádio UOL – Vai rolar mais um DVD, para este show?

Daniel Boaventura – Vai! Não era para ter dito, mas acidentalmente acabei de te contar (risos). Ainda não sei se no final do ano ou no ano que vem, mas vem aí com certeza!

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Daniel Boaventura em São Paulo
Quando: 24 de maio (sábado), às 22h
Onde: HSBC Brasil – Rua Bragança Paulista, 1281, Santo Amaro
Quanto: R$ 45 a R$ 170. Compre online.

Sobre o Blog

Este é o blog oficial do UOL Música Deezer. Com ele, nós da equipe e nossos colaboradores podemos nos comunicar com os ouvintes, sugerindo, informando, divulgando e discutindo tudo que diz respeito ao universo musical. E é claro, ouvindo o que vocês têm a dizer. Ouça, leia e comente!

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