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Public Enemy em 5 atos - Entenda os Revolucionários do Rap

UOL Música

17/10/2014 06h10

public enemy

O grupo Public Enemy. Crédito: David Wong

Eugênio Lima*
Colaboração para o UOL

Public Enemy é um dos grupos de hip hop norte-americano mais importantes da história e, sem sombra de dúvida, um dos mais influentes na América Latina, principalmente no Brasil. É composto por Chuck D, Flavor Flav, DJ Lord (que substituiu Terminator X, DJ que era treta em 1999), além de outros colaboradores, como o polêmico Professor Griff, que foi demitido do grupo por comentários anti-semitas em 1990, mas voltou mais tarde, em 1998.

Formado em Long Island, Nova York, a redor do campus da universidade, em 1982, Public Enemy é conhecido por seu envolvimento político, acidez das suas letras, combate ao racismo, críticas à mídia americana, sempre com um forte e ativo enfoque nas frustrações e preocupações da comunidade Afro-Americana. Ou seja, o Public Enemy é uma voz única e potente do hip-hop, fez e continua a fazer história.

A primeira vez que vi o grupo foi na sua primeira passagem pelo Brasil, em 1991, no Ginásio do Ibirapuera. O show foi histórico e o Public Enemy tinha acabado de lançar "Fear of a Black Planet", no ano anterior. Chuck D e companhia estavam em um dos seus melhores momentos criativos, ele falou sobre tudo um pouco, desde a violência policial, até a falta de pessoas negras na televisão brasileira, além de criticar a apresentadora Xuxa Meneghel.

Flavor Flav foi um espetáculo à parte e a abertura do show foi de ninguém menos que os Racionais MC's, que apavoraram com um show incrível. A juventude negra tinha conquistado sua "Voz Ativa". De lá pra cá muita coisa mudou no hip hop, nos EUA e no mundo, e banda não tem hoje o mesmo furor criativo dos 90's, mas tenho certeza que quem for ao show não vai se arrepender, pois não é todo dia que lendas vivas tocam tão perto.

Entenda o Public Enemy em cinco músicas:

1- "Fight the Power" – Versão do singles 12 polegadas, com direito a solo de Branford Marsalis. "Ode Sonora-brutal da cultura hip-hop", união radical de letra e música, muito som mesmo, sample de James Brown, jazz e rima.Quem não se lembra da Rosie Perez dançando na abertura do "Faça a coisa certa", de Spike Lee? Sublime.

"1989 the number another summer (get down)
Sound of the funky drummer
Got to give us what we want
Gotha gives us what we need
Our freedom of speech is freedom or death
We got to fight the powers that be
Lemma hear you say
Fight the power"

2- "Don't Believe the Hype" – Hino do Hip Hop com consciência, esta pedrada é o primeiro single a estourar e popularizar o grupo. Em tempos de eleição, nada mais
contemporâneo.

"The book of the new school rap game
Writers treat me like Coltrane, insane
Yes to them, but to me I'm a different kind
We're brothers of the same mind, unblind
Caught in the middle and
Not surrenderin'
I don't rhyme for the sake of of riddlin'
Some claim that I'm a smuggler
Some say I never heard of 'ya
A rap burgler, false media
We don't need it do we?
It's fake that's what it be to 'ya, dig me?
Don't believe the hype."

3- "He Got Game" – A música faz parte da trilha do filme homônimo de Spike Lee, o último grande álbum do Public Enemy, a letra ácida, em cima de sampler da canção de protesto do Bufallo Springfield "For What It's Worth" , ícone do movimento contra guerra do Vietnã. O discurso final do Flavor Flav é treta.

"Hey yo these are some serious times that we living through g
And a new world order is about to begin
You know what I'm saying
Now the question is are you ready
For the real revolution
Which is the evolution of the mind
If you seek then you shall find
That we all prove from the divine
You dig what I'm saying
Now if you take heed
To the words of wisdom
That are written on the walls of life
Then universally we will stand
And divided we will fall
Cause love conquers all"

4- "911 Is Joke" – Parábola sobre o serviço de atendimento de emergência nas periferias negras do Estados Unidos, com samples de James Brown e Vicent Price, a música é uma pedrada, um dos melhores momentos do Flavor Flav, o vídeo é um acontecimento, humor politizado. O som fala mais alto que as letra.

"I call 'em body snatchers quick they come to fetch ya?
With an autopsy ambulance just to dissect ya
They are the kings 'cause they swing amputation
Lose your arms, your legs to them it's compilation
I can prove it to you watch the rotation
It all adds up to a funky situation
So get up get, get get down
911 is a joke in yo town
Get up, get, get, get down
Late 911 wears the late crown
911 is a joke"

5- "Can't Truss It" – Um som pesado, sobre a escravidão negra nos Estados Unidos e suas perversas conseqüências para a população negra no presente. Somos todos sobreviventes, é o famoso papo reto com muita personalidade, Chuck D rima muito, consolidando um flow e uma métrica que vão influenciar várias gerações. A música é cheia de "noise fx", abrindo com fala de Malcom X, num tipo de produção muito característica do grupo, que se tornaria uma marca, e o vídeo é emblemático.

"I'm on the microphone
Sayin' 1555
How I'm livin'
We been livin' here
Livin' ain't the word
I been givin'
Haven't got
Classify us in the have-nots
Fightin' haves
'Cause it's all about money
When it comes to Armageddon
Mean I'm getting mine
Here I am turn it over Sam
427 to the year
Do you understand
That's why it's hard
For the black to love the land"

*Eugênio Lima é DJ, membro Fundador do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos e da Frente 3 de Fevereiro, integrante da banda CORA – Orquestra de Grooves Afrobrasileira. Ator-MC, Pesquisador da cultura afro-diaspórica, professor de sonoplastia da Escola SP de Teatro e apresentador do programa Vitrola Livre da Radio UOL.

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