Álbum novo do Pink Floyd é uma boa picaretagem
Nos últimos anos, vários dinossauros do rock estão ressurgindo, seja para tirar uma grana extra, seja para matar a saudade dos fãs, seja para realizar trabalhos novos de verdade. Essa tendência vem se revelando cada vez mais verdadeira pelos lançamentos previstos de Bob Dylan e AC/DC.
Recentemente o Pink Floyd lançou "The Endless River", seguindo o embalo da volta das lendas, mas esse disco na verdade é uma farsa. Não que não tenha qualidade musical, muito pelo contrário. Recheado da aura progressiva que permeia toda a extensa obra da banda, com as hipnotizantes bases de teclado do saudoso Richard Wright, grande homenageado do disco, o trabalho conta com uma grande lista de faixas agradáveis.
Outro ponto positivo é que o álbum não se preocupa em ter apelo comercial, mas por outro lado não acrescenta nada que se aproxime da grandiosidade do resto da carreira do grupo. Parece que Roger Waters e Syd Barrett nunca fizeram tanta falta como agora.
Diferente de trabalhos recentes de outros imortais do rock, o lançamento do Pink Floyd pouco tem de realmente novo. Enquanto "13", do Black Sabbath, tem faixas memoráveis, "Now What?!", do Deep Purple, apresenta um novo horizonte musical, "New", de Paul McCartney, se aproxima de uma sonoridade mais moderna e "The Next Day", de David Bowie confirma a relevância eterna do camaleão, "The Endless River" não passa de uma verdadeira reciclagem de fitas antigas com uma pequena parcela da genialidade de David Gilmour e Nick Mason.
Os outros lançamentos citados acrescentam novidades a legados de décadas. O esmero com que foram concebidos é perceptível. O capricho e o detalhamento técnico no álbum do Pink Floyd são inegáveis também, mas é um tanto quanto desonesto carimbar o nome da banda num trabalho praticamente solitário de Gilmour, que agiu como curador de um arquivo esquecido e previamente descartado.
Não que desenterrar material inédito não seja ótimo. É isso que Jimmy Page vem fazendo nos últimos meses ao remasterizar toda a discografia do Led Zeppelin, acompanhada por faixas não lançadas e vários bônus. Entretanto, gritar aos quatro ventos que esse é um novo álbum é uma jogada de marketing questionável e um uso inadequado do sagrado nome de uma das maiores bandas de todos os tempos.
Por toda sua trajetória, o Pink Floyd não merecia isso. Nem os fãs.
André Cáceres
Rádio UOL
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