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"Quem imita o que é popular sempre se dá mal", diz Zakk Wylde

UOL Música

21/11/2014 10h50

 

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Um dos mais importantes participantes desta edição do Metal All Stars é o guitarrista Zakk Wylde. Fiel escudeiro de Ozzy Osbourne e líder do Black Label Society, Wylde é amplamente reconhecido como um dos maiores instrumentistas da história do heavy metal.

A história de sua ascenção à fama é o clássico conto de fadas roqueiro. Em 1987, ao ler que havia uma vaga na banda do ex-vocalista do Black Sabbath, enviou uma fita demo e foi contratado.

Logo, Wylde estaria não apenas excursionando, mas também compondo junto com Ozzy, de quem se tornou um dos mais importantes parceiros. Co-autor de clássicos como "No More Tears" e "Hellraiser", foi peça fundamental numa das fases mais importantes da carreira do cantor, no início da década de 90.

Em 1998, o que seria um álbum solo de Wylde se tornou uma nova banda, o Black Label Society. Misturando o peso do metal moderno com elementos do rock setentista, a banda não teve dificuldade para conquistar o público, consolidando o guitarrista como um ícone do gênero, mesmo se a ajuda de Ozzy Osbourne.

Simpático e bem humorado, Zakk Wylde falou com exclusividade à Rádio UOL sobre sua trajetória, a duradoura relação com Ozzy e sua participação no Metal All Stars.

OUÇA ZAKK WYLDE COM OZZY OSBOURNE

OUÇA ZAKK WYLDE COM O BLACK LABEL SOCIETY

Fale um pouco sobre essa visita ao Brasil com o Metal All Stars e sobre o projeto em geral. Como vocês decidem quem toca com quem e qual será o repertório?

Zakk Wylde – Nos divertimos muito da última vez que participei do Metal All Stars na Europa, então eu disse à organização que quando rolasse de novo eu gostaria de participar. O Black Label está tirando férias até depois do natal, então aproveitei para vir.

É muito legal, você reencontra os amigos, toca junto com eles, une o útil ao agradável. Vou tocar e cantar algumas músicas com o Blasko (baixista de Ozzy Osbourne) e com os irmãos Vinnie (Black Sabbath, Heaven & Hell) e Carmine Appice (Vanilla Fudge) e depois começa a jam session.

Vocês vão ver na hora qual será o repertório. Vai ser algumas músicas da Lady Gaga, um pouco de Justin Bieber, Village People, tudo para agradar o público do Metal All Stars (risos).

Você já é amigo dos outros participantes?

Zakk Wylde – Sim, desde que comecei a tocar com o Ozzy em 87 já conheci muita gente, então tenho amizade com praticamente todos os participantes. Acabamos nos encontrando por aí. É como um acampamento, a gente se revê e se diverte muito.

Os participantes englobam toda a diversidade do metal, do hard rock ao death metal. Você gosta de todos esses subgêneros?

Zakk Wylde – Sim, eu ouço de tudo, de Dimebag a Sarah McLachlan, além dos clássicos como Black Sabbath, Led Zeppelin, Neil Young, Elton John, eu escuto Crowded House, Joe Pass… Ouço de tudo!

É interessante, porque seu estilo combina bastante peso com uma sensibilidade do rock clássico.  Como você desenvolveu suas características como músico?

Zakk Wylde – Você tem que tocar o que sabe, o que te move, entende? Quando me pedem conselhos para os jovens eu digo para praticarem o máximo possível, porque é divertido, mas além disso, a música é infinita, há coisas novas para descobrir todos os dias.

Quando você está se desenvolvendo como músico, você não deve ir atrás do que está nas paradas. Se você tentar tocar o que é popular, você vai sempre chegar atrasado e vai sempre se dar mal.Se todo mundo fizesse isso, os Sex Pistols não teriam se tornado os Sex Pistols, eles teriam tentado imitar o Led Zeppelin e a história do rock não teria mudado.

Eu sou de New Jersey e quando comecei a tocar, para se dar bem ali você tinha que tocar Bruce Springsteen ou Bon Jovi. Mas eu gostava de Black Sabbath, de riffs! Foi isso que resolvi tocar e é por isso que estou aqui hoje em dia.

Quando você apareceu, a cena era dominada por guitarristas muito rápidos, mas sem o feeling do rock and roll clássico. E você conseguia tocar tão rápido quanto eles, mas mantendo o feeling. Você se sente uma ponte entre essas duas escolas?

Zakk Wylde – Sim! Meus guitarristas favoritos são, é claro, o Tony Iommi, Jimmy Page, Frank Marino, Jimi Hendrix, Robin Trower e também jazzistas como Al DiMeola e John McLaughlin. Então o Randy Rhoads e o Eddie Van Halen apareceram e revolucionaram a coisa toda!

Mas é como eu falei antes: se todo mundo está fazendo uma coisa, então isso é um motivo para você não fazer. Quando o Guns N' Roses apareceu, todos os meus amigos fizeram tatuagens e eu falei "é por isso que eu não vou ser tatuado"!

OUÇA O MELHOR DO HEAVY METAL

Você foi um dos candidatos para substituir o Slash na banda, não?

Zakk Wylde – Não fui bem um candidato, só toquei com eles para me divertir. Me chamaram e eu fui. Na época não estava rolando nada, eu não estava tocando com o Ozzy. Nessa mesma época eu estava com uns riffs prontos sem ter o que fazer com eles e foi assim que nasceu o Black Label Society.

Eu amo o estilo do Slash, ele é fantástico, isso é inegável. Só ele pode tocar "Sweet Child O'Mine" e "November Rain" com perfeição, entende? Então quando eu toquei com o Guns, a coisa soou como uma espécie de Allman Brothers com esteróides, entende? Pesada, mas com harmonias. Pelo menos era assim que eu via.

Falando em Allman Brothers, a influência sulista faz parte da sua identidade, apesar de você ser de New Jersey.

Zakk Wylde – É que eu sou do sul de New Jersey (risos)! E agora que estou na Califórnia, estou no sul da Califórnia! Mas, falando sério, cresci ouvindo Allman Brothers, amo a voz do Greg Allman, do Ronnie Van Zandt (do Lynyrd Skynyrd).

É como os caras do Green Day, o amor deles pelo punk rock não diminui por eles não serem de Londres. O maior guitarrista country de todos os tempos é o Albert Lee. Você pensaria que ele é de Nashville, ou do Mississipi, mas ele é inglês.

Essa é a beleza da música, o que está no seu DNA é o que você ama, o que você absorve, independente de onde você nasceu.

OzzyZakk A fase em que você tocou com o Ozzy foi uma das mais ricas da carreira dele. Você se vê como uma peça chave nesse renascimento criativo?

Zakk Wylde – O Ozzy ainda era gigante com o (guitarrista anterior) Jake E. Lee. Os álbuns com ele, "Bark At The Moon" (1983) e "The Ultimate Sin" (1986), fizeram muito sucesso. Então não acho que a carreira dele estivesse decadente quando eu entrei nem nada disso. Então não acho que fiz tanta diferença assim.

Mas é inegável que "No More Tears" (1991), no qual você é um dos compositores em todas as faixas, foi um dos grandes álbuns da carreira dele.

Zakk Wylde – Acho que sim, mas amo todos os álbuns que fizemos juntos. Me diverti fazendo todos. Então a questão é apenas fazer o melhor que você pode em todos os projetos.

A banda do Ozzy está sempre mudando. Quais foram os músicos com quem você tocou na banda dele que mais te marcaram?

Zakk Wylde – Tenho boas memórias de todos e ainda sou amigo de todo mundo com quem toquei. Quando entrei, a banda tinha o (baixista original do Black Sabbath) Geezer Butler e o (baterista) Randy Castillo e depois entrou o Mike Inez. O (baterista) Mike Bordin também foi fantástico. E ainda estou sempre com o (baixista) Blasko, então amo todos com quem toquei. É uma fraternidade. Todos são únicos, ótimas pessoas. Quando não estamos tocando juntos estamos dando risada.

No seu tempo com o Ozzy havia muita interferência no que você tocava ou você tinha liberdade para criar?

Zakk Wylde – Quando você toca com ótimos músicos como aqueles, você de vez em quando pode sugerir algo, mas você deixa eles tocarem. O sentido deles estarem ali é justamente esse, deixá-los serem quem são. O Ozzy era assim com o (guitarrista) Randy Rhoads, deixava ele ser o melhor Randy Rhoads possível, esticando os solos e tudo mais. E comigo também, ele sempre me deu liberdade.

E eu aproveitei, mas dentro dos limites, afinal aquilo tinha que soar como o Ozzy. Os primeiros álbuns solo que ele fez com o Randy Rhoads, "Blizzard Of Ozz" (1980) e "Diary Of a Madman" (1981) são a receita da sopa do Ozzy. E na minha opinião é uma sopa excelente!

Era fácil compor para o Ozzy. Se eu fosse contratado para fazer músicas para a Lady Gaga ou o Justin Bieber eu me esforçaria para fazer dentro daquele estilo. Mas com o Ozzy já é o estilo que eu amo e componho naturalmente. Se você botasse ele cantando no último álbum do Black Label Society, ele soaria como um álbum do Ozzy.

Você pretende trabalhar com o Ozzy novamente?

Zakk Wylde – Sim, meu relacionamento com ele está sempre a um telefonema de distância. Assim que ele me chamar para compor ou tocar eu vou. Mas agora o (guitarrista) Gus G. é quem está tocando com ele e está fazendo um ótimo trabalho.

E com o Black Label Society, quais são os planos?

Zakk Wylde – Excursionar muito! Ficamos na estrada durante 7 meses e agora tiramos férias, mas depois do Metal All Stars já vamos começar novamente, primeiro no Canadá e depois na Europa.

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