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Após anos dominando as paradas, até onde vai o sertanejo universitário?

UOL Música

02/03/2015 07h17

luan santana

Luan Santana

O sertanejo universitário ascendeu às listas de mais pedidas como um meteoro e, diferente dos prognósticos apocalípticos dos pessimistas, continua soberano nas rádios, nas festas e nas paradas de sucesso do Brasil, com um poder jamais alcançado por nenhum outro estilo.

Entre as músicas mais tocadas no país atualmente, apenas uma não pertence ao estilo, que logo vai comemorar uma década de sucesso. Até quando esse fenômeno vai continuar prosperando?

"2006 foi um ano fundamental, em que César Menotti & Fabiano aparecem para o cenário nacional com 'Leilão' e outros hits. João Bosco & Vinícius já faziam sucesso regionalmente, e estouraram depois que eles no nível nacional", explica o jornalista André Piunti, autoridade no assunto e apresentador do programa "Universo Sertanejo".

Desde então, o estilo continua dominando intensamente os rankings de faixas mais ouvidas no Brasil, e chegou a se destacar na Europa e Estados Unidos através de Michel Teló.

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Segundo Piunti, o universitário começou a fazer sucesso com regravações de músicas sertanejas mais antigas em ritmo mais acelerado. As faixas autorais mais significativos vieram com Luan Santana e Fernando & Sorocaba, já em 2009. A partir daí veio uma leva de artistas novos surgindo e emplacando hit atrás de hit.

cesar menotti e fabiano

César Menotti & Fabiano

O que diferencia o universitário do sertanejo tradicional?
"O universitário é mais rápido e animado, perdeu aquela coisa dramática de sofrimento e fez uma releitura para um público mais jovem", conta o apresentador do programa Universo Sertanejo. "Ainda tem espaço para o romantismo, mas agora não é mais tão dramático. Tem também canções voltadas para as mulheres em resposta, ficou mais variado", acrescenta.

A temática do gênero representa a ascensão da "nova classe média" no Brasil, levando aos palcos músicas que abordam festas, carros e bebedeiras, como "Balada", de Gusttavo Lima, "Joga o Copo Pro Alto", de João Lucas & Marcelo, "Camaro Amarelo", de Munhoz & Mariano.

Esses assuntos substituíram os temas interioranos de antes. Você consegue imaginar o "Menino da Porteira" abrindo a entrando no "Rancho Fundo" a bordo de um  "Camaro Amarelo"?

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Musicalmente, o gênero consiste basicamente numa simplificação e eletrificação do sertanejo da década de 90, que deriva do sertanejo de raiz.  Foram adicionados elementos do pop rock, forró, arrocha e até mesmo do funk carioca, numa linguagem mais moderna e urbana do que a da música regional.

Esta mistura de influências foi fundamental para que o sertanejo alcançasse um público mais jovem nas capitais do país. E a internet também ajudou.  "Hoje uma dupla pequena consegue competir com as grandes, antes era muito difícil entrar no mercado por causa das gravadoras", analisa Piunti.

"A música que já era muito misturada ganhou muitos outros elementos e ficou mais ainda. Criou-se esse lado mais pop, mas também há uma vertente bem mais sertaneja, como Jads & Jadson", conta o jornalista.

Por que "Universitário"?
A expressão "universitário" não é exclusiva do sertanejo e já vinha sendo utilizada no forró e pagode. Nos dois casos, serviu para atualizar os estilos, dando a eles um verniz pop.

gusttavo lima1

Gusttavo Lima

Não é a primeira vez que o sertanejo se recicla e conquist as paradas. No final dos anos 80, uma levada mais pop também tomou conta do estilo através de duplas como Zezé Di Camargo & Luciano, Leandro & Leonardo e Chitãozinho & Xororó.

Esses foram os nomes que colocaram a música sertaneja no topo das paradas das rádios e trilhas das telenovelas. Em 1988, não havia nenhum sertanejo entre as 50 músicas mais tocadas nas rádios, e entre 1989 e 1993, 20 hits do gênero entraram nessa lista.

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No entanto, esse movimento, que acabou com o reinado do pop rock da década de 80 – foi apelidado de "sertanojo" e chamado de "trilha sonora do governo Collor" por Lulu Santos – mas não permaneceu dominante por tanto tempo e foi logo substituído por ondas de verão como a lambada, o axé e do pagode.

O fato é que nenhum estilo durou tanto ou teve tanta presença nas paradas quanto o sertanejo universitário está tendo aturalmente.

O sertanejo universitário vai durar mais do que o rock?
O tão celebrado rock nacional dos anos 80 continua fazendo sucesso, mas sua dominação das paradas nacionais começou com o sucesso da Blitz, no final de 1982 e foi mais ou menos até o final da década.

Depois disso, algumas bandas como os Engenheiros do Hawaii conseguiram segurar o rojão, mas as rádios já eram dominadas por outros estilos. Enquanto isso, o sertanejo universitário já está há mais de cinco anos marcando uma presença no Hot100 brasileiro que nenhum outro estilo jamais ocupou. E continua subindo.

Esse fenômeno ainda não dá sinais de desgaste e parece se reinventar ano após ano, renovando seu público e sufocando outros gêneros que já estiveram no topo das paradas.

Dez anos atrás, entre as 50 músicas mais reproduzidas nas rádios do país, 10 eram sertanejas. Em 2009, o gênero representou 14 das 50 faixas mais ouvidas no Brasil. Hoje, entre as 50, 34 são de sertanejo universitário. .

"Em breve vai ser difícil alguém dizer que não gosta de sertanejo, pois ele está se desdobrando em tantos estilos que vai ter música para todos os gostos", aposta André Piunti.

André Cáceres
Rádio UOL

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