60 anos sem Charlie Parker: entenda revolucionário do jazz

"O jazz pode ser resumido em quatro palavras: Louis Armstrong, Charlie Parker". É assim que outro inovador do estilo, Miles Davis define a importância do saxofonista, cuja morte completa 60 anos nesta quinta-feira (12).

Nascido Charles Parker Jr em Kansas City em 19 de agosto de 1920 e apelidado de Bird (pássaro/ave), o músico praticamente inventou o jazz moderno, expandindo as possibilidades não apenas do saxofone, mas da própria música popular em clássicos como "Ornithology", "Yardbird Suite" e "Donna Lee".

OUÇA CHARLIE PARKER NA RÁDIO UOL

Após viver uma vida conturbada, marcada pelo vício em heroína, problemas de saúde e um período internado num hospital psiquiátrico, Charlie Parker morreu em 12 de março de 1955 vítima de uma combinação de pneumonia, úlcera, cirrose e, como se não bastasse, um infarto.

Recentemente , o filme "Whiplash – Em Busca da Perfeição" trouxe o nome de Parker de volta à cultura pop. A trama, baseada na relação entre um jovem baterista e um professor autoritário, coloca a lenda do jazz como a referência do músico perfeito, que além de dominar a técnica de seu instrumento, cria as bases para novas concepções musicais.

Aproveitamos o momento para listar três fatos que ajudam a entender Charlie Parker:

1 – Quem transformou Charlie Parker em gênio foi ele mesmo.
Numa cena marcante de "Whiplash", o professor atira uma cadeira no aluno e relaciona o ato com um episódio em o baterista Jo Jones teria jogado um prato de bateria na cabeça de Parker após um erro durante uma jam session em 1936. A partir daí o saxofonista, humilhado, teria começado a estudar com afinco e se tornaria um dos grandes gênios da música no século 20.

Não foi bem assim. Segundo consta em várias biografias, na verdade Jones havia se irritado não com um erro, mas com as liberdades tomadas por Parker, que, de propósito, não seguia à risca a estrutura da música. Jones então atirou o prato, não na cabeça, mas perto dos pés do saxofonista.

Consta também que, no final da adolescência Charlie Parker passou 3 ou 4 anos estudando 15 horas por dia. Mas ao que tudo indica isso partiu dele mesmo e se o episódio do prato revela alguma coisa é justamente o contrário: a criatividade já estava ali.

2- Charlie Parker revolucionou a música no meio de um solo.
Em 1939, o jovem saxofonista participava de outra jam session, desta vez com o guitarrista William "Beedy" Fleet, quando se deu conta que não precisava seguir as escalas musicais tradicionais quando solava. Esta percepção abriu alas para uma nova forma de jazz, o be-bop, marcada pela liberdade, velocidade e ousadia.

O desenvolvimento do be-bop marcaria uma ruptura entre o que viria a ser chamado de jazz tradicional e o jazz moderno, que serviria de base para outros revolucionários como Miles Davis, John Coltrane e Thelonious Monk.

3-O apelido de Parker inspirou uma das bandas mais importantes do rock
O apelido Bird (ave em inglês), sempre aparece junto ao nome de Charlie Parker e foi o título de sua cinebiografia de 1986, estrelada por Forrest Whitaker e dirigida por Clint Eastwood.

Além de combinar com a liberdade musical do saxofonista e a fragilidade de sua vida pessoal, o apelido surge como referência nos títulos de várias canções compostas e gravadas por ele, como "Bird Gets The Worm", "Chasin' The Bird", "Carvin' The Bird", "Bird's Nest", "Bird Feathers", "Tico Tico", "Bluebird", "Ornithology" e "Yardbird Suite".

Esta última, por sua vez inspirou o nome da banda inglesa The Yardbirds, que na década de 60 revelou três dos guitarristas mais importantes de todos os tempos: Eric Clapton, Jeff Beck e Jimmy Page.

Além de ser um celeiro de heróis da guitarra, os Yardbirds ajudaram a promover no rock uma revolução semelhante à que Parker promovera no Jazz. Ao introduzir elementos orientais nos arranjos, solos de guitarra bombásticos e doses inéditas de barulho, a banda criou as bases para o rock psicodélico e o heavy metal, mais ou menos como Parker havia feito com o bebop e outras formas de jazz moderno.

OUÇA O MELHOR DO JAZZ NA RÁDIO UOL