Topo

Histórico

Categorias

30 anos de Golpe: banda supera morte de guitarrista e anuncia novos shows

UOL Música

06/04/2015 18h33

golpe de estado 2

Golpe de Estado ainda com o guitarrista Hélcio Aguirra. Crédito: Edu Guimarães/Divulgação

Após superar a traumática morte de Hélcio Aguirra no ano passado, a banda Golpe de Estado anuncia novos shows para divulgar o álbum "Direto do Fronte", último gravado pelo guitarrista. A banda ainda tem planos de lançar compactos inéditos em 2015, para comemorar os 30 anos.  Será que um novo Golpe vem aí?

Em 1989, a poucas semanas de lançar o seu terceiro álbum, "Nem Polícia Nem Bandido", o Golpe de Estado causou alvoroço nos leitores de "O Estado de S. Paulo". É que para divulgar o trabalho da banda, o primeiro pela Eldorado, a gravadora decidiu publicar um anúncio no 'sisudo' jornal paulistano com a seguinte chamada: "O Golpe vem aí!".

E veio mesmo. Nos anos 1990, o grupo participou de todos os programas de televisão, lançou inúmeros hits, como "Caso Sério", "Mal Social", outros cinco discos e abriu shows para monstros do gênero, como Deep Purple, Nazareth e Jethro Tull.

CLIQUE AQUI PARA OUVIR GOLPE DE ESTADO NA RÁDIO UOL

Nos anos seguintes, com as polêmicas saídas de Catalau e Paulo Zinner e a morte precoce de Hélcio Aguirra, a banda balançou, mas, graças à intervenção direta de alguns fãs, continuou na ativa. "Chegaram até a me ameaçar de morte, fiquei com medo", brinca o baixista Nelson Brito, o último remanescente da formação original.

Em entrevista, Nelson fala sobre o disco mais recente, "Direto do Fronte", o relançamento da discografia da banda pela Substancial e a polêmica saída do vocalista Catalau, que hoje é pastor em uma igreja evangélica.

Antes de falarmos sobre a trajetória do Golpe e o trabalho mais recente da banda, queria matar uma curiosidade: é verdade que o primeiro disco do Golpe tinha dois lados com rotações diferentes?

É verdade (risos). O produtor Luiz Calanca (dono da Baratos Afins) queria experimentar algo diferente no disco e a gente topou, até porque a qualidade do som em 45 rotações fica melhor. O problema é que, no começo, algumas rádios não se deram conta e as músicas só chegavam até a metade (risos).

Aliás, como surgiu a Baratos Afins na história do Golpe?

O Luiz [Calanca] era muito amigo do Hélcio [Aguirra], pois já tinha produzido o Harpia (antiga banda do guitarrista). Aí convidamos para um show que faríamos com a Platina (banda que depois viraria o Dr. Sin), nos anos 80, e ele gostou pra caramba.

Vocês gravaram dois discos por lá…

Sim, o primeiro em 86 e o 'Forçando a Barra', em 88. Este segundo, aliás, foi um dos mais vendidos da gravadora na época. Fez um enorme sucesso.

Quem desenhou as capas?

O Chico Guerreiro, um grande amigo do Hélcio. Ele morava perto da estação da Luz e usou o lugar como inspiração para a primeira a capa. Já no 'Forçando a Barra' a inspiração veio do antigo Black Jack (bar em São Paulo).

Após esses dois primeiros álbuns o Golpe vai para a Eldorado…

Sim, lá gravamos três álbuns: "Nem Polícia Nem Bandido" (1989), "Quarto Golpe" (1991) e "Zumbi" (1994).

O que mudou nesta época?

Principalmente a divulgação. A gravadora fazia parte do Grupo Estado. No lançamento de "Nem Polícia e Nem Bandido", por exemplo, o Estadão e o Jornal da Tarde publicaram um anúncio no caderno de política alertando: "O Golpe vem aí". Todo mundo ficava querendo saber o que era aquilo. Quando saiu o disco, aparecemos nos cadernos de cultura de ambos e ainda percorremos todos os programas de TV da época.

Nessa época vocês abriram shows importantes, como Deep Purple, Nazareth, Jethro Tull… Como foi a experiência?

A banda foi muito bem. Em alguns shows tocaríamos por apenas 30 minutos e a banda pedia para a gente ficar mais. Aconteceu isso no Deep Purple e no Jethro Tull.

Como era o cenário nos anos 1980 e 1990?

Existiam muitos lugares médios legais, como Dama Xoc, Aeroanta, Olympia. Era legal, porque contavam com a estrutura de lugares grandes, mas para um público menor.

Por que você acha que fecharam?

Por vários motivos, mas um deles foi o crescimento das bandas cover. Elas mataram em parte o trabalho autoral.

Como está o Golpe hoje?

Continuamos na ativa. Fizemos Virada Cultural, aniversário de SP, apresentações no interior. Ficamos mais seletivos: preferimos esperar shows maiores, com estrutura bacana, do que tocar em bares por aí, sem a mínima condição. A não ser em ocasiões especiais.

Hoje você é o único membro original da banda. O Catalau e o Paulo Zinner saíram e o Hélcio morreu…

Catalau

O Catalau não estava muito bem de 'saúde'. Já quase não aparecia nos ensaios, nas gravações e, quando aparecia, estava doidão. Nós temíamos que acontecesse algo ruim e pedimos para ele sair e ir se cuidar. A nossa história era muito bacana e não dava para virar 'a banda que perdeu o vocalista de forma trágica'. Hoje o Catalau está muito bem na igreja. De vez em quando nos falamos e vou até lá. Está fazendo um trabalho bonito de aconselhamento com crianças e pessoas que sofrem com vícios, etc. Fico feliz por ele.

Paulo Zinner

Acho que ele já estava de saco cheio fazia um tempo e aí um dia estourou, pegou as coisas e foi embora. Queria seguir a carreira em outro lugar.

Hélcio Aguirra

Saber da morte do Hélcio foi um choque. O cara não bebia, não extrapolava… Sofria de pressão alta, mas não achava que fosse tão grave. Na época pensei em parar, mas meus amigos me incentivaram a continuar. Alguns até me ameaçaram de morte (risos).

Fala um pouco sobre o 'Direto do Fronte', álbum mais recente, que ainda contou com Hélcio Aguirra na guitarra.

O álbum está com a assinatura bem marcante do Golpe. O Dino [Linardi] inclusive tem um estilo bem parecido com o do Catalau. E não foi nada pensado, porque ele é bem mais novo. Pura coincidência.

Como acharam o Tadeu, novo guitarrista?

O pai dele trabalhava no SBT quando a gente fazia o Programa Livre e ficamos amigos. Ele era bem pequeno e já assistia aos ensaios da banda. Mais tarde virou guitarrista consagrado, tocou com nomes importantes, até que um dia nos encontramos e fiz o convite. Está aí com a gente.

Quais os próximos do Golpe?

Temos uns shows confirmados no Sesc, mas ainda não sei as datas. Esse ano quero gravar uns compactos também. Enfim, a carreira segue.

Cadu Ramos
Do UOL, em São Paulo

Sobre o Blog

Este é o blog oficial do UOL Música Deezer. Com ele, nós da equipe e nossos colaboradores podemos nos comunicar com os ouvintes, sugerindo, informando, divulgando e discutindo tudo que diz respeito ao universo musical. E é claro, ouvindo o que vocês têm a dizer. Ouça, leia e comente!

Blog UOL Música