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Sax, drogas & jazz: o estilo de vida selvagem de Miles, Billie e companhia

UOL Música

24/07/2015 23h36

Miles Davis3
Muito se fala em "sexo, drogas e rock and roll". As vidas e mortes autodestrutivas dos ídolos do rock são relembradas à exaustão e associadas à música rebelde e áspera. Enquanto isso, o jazz hoje em dia se tornou um gênero essencialmente intelectual, só perdendo em respeitabilidade para a música erudita.

Mas nem sempre foi assim. O jazz já foi considerado um estilo ousado e transgressor e, bem antes do surgimento do rock, músicos como Charlie Parker e Miles Davis já tinham suas carreiras comprometidas (ou não) por um estilo de vida sem limites.

O fato é que o jazz, as drogas e a bebida sempre andaram lado a lado desbravando acordes e experimentando novas escalas. Infelizmente, quem mais perdeu com isso foi a música, que viu gênios desolados e alucinados deixando o talento de lado para se apoiarem na heroína, cocaína e no álcool.

Paralelamente, a literatura beat usava o jazz como trilha e levava estas experiências à máquina de escrever, plantando as sementes da contracultura que se estabeleceria definitivamente em torno do rock algumas décadas depois.

Vamos lembrar então de alguns dos mais talentosos e famosos jazzistas junkies de todos os tempos.

Billie Holiday 

Billie Holiday

A voz brilhantemente dolorosa a coloca como a maior cantora do estilo. As drogas e o álcool sempre a acompanharam na carreira, principalmente após a morte da mãe.

Em 1947, Holiday foi presa e condenada pela posse de narcóticos, sendo sentenciada a um ano na cadeia. Após ser libertada, a cantora não tinha mais a licença para tocar em cabarés e boates. Mesmo assim, um Carnegie Hall lotado a aplaudiu em uma apresentação histórica.

Entre tantas idas e vindas na prisão, a cantora foi internada por problemas no fígado e no coração em 1959. A quantidade de heroína que tinha era tanta, que acabou sendo presa mais uma vez enquanto estava no hospital. Por fim, Billie Holiday acabou morrendo em decorrência de complicações relacionadas ao álcool e às drogas.

Charlie Parker

Charlie Parker

Bird, como o saxofonista era conhecido, foi um dos pais do bebop, estilo criado na década de 1940, que juntava o poder de improvisação com uma harmonia rápida e dançante.

Heroína não era difícil de arranjar na cena jazzista. Parker teve diversos problemas com as drogas e, após se mudar para a Califórnia, com o uísque também.

Entretanto, algumas das melhores gravações do músico foram justamente neste estado alterado, como a fantástica "Lover Man", que irritou o restante da banda pelo despreparo do saxofonista, que mal conseguia parar e pé, tendo que ser amparado pelo produtor.

O excelente filme dirigido por Clint Eastwood, "Bird", retrata de forma detalhada todo o sofrimento do saxofonista em virtude do uso das drogas, além da sua genialidade musical.

Chet Baker

Chet Baker

O trompetista americano começou o vício em heroína na década de 1950, atrapalhando o restante de sua carreira na música. Constantemente acabava penhorando seus instrumentos para comprar droga, além das brigas em que se envolvia.

A mais famosa foi em 1968, em São Francisco, em que traficantes bateram tanto nele, que o músico acabou com uns dentes quebrados e inúmeras lesões na boca, sendo obrigado a mudar o jeito de tocar trompete.

Miles Davis

Miles Davis 2

Um dos mais completos músicos da história, Miles chegou ainda novo em Nova York atrás de Charlie Parker. Bird  dividiu o palco inúmeras vezes com o garoto prodígio, ensinando tudo sobre o bepop. Era um período com muito fervor de ideias novas, que colocavam figurões do jazz lado a lado com a juventude. Após algum tempo, o disco "Birth of the Cool" reuniu as gravações desse período, inventando o termo cool jazz, contrastando com o estilo mais acelerado do bebop.

Foi nessa época também que começou o uso de drogas pesadas. Miles ficou 5 anos viciado em heroína, diminuindo consideravelmente a produção dos seus trabalhos. O músico só ficou limpo em 1954, quando formou um grupo com o baterista Philly Joe Jones, o baixista Paul Chambers e com o pianista Red Garland. O sax ficava por conta de John Coltrane

OUÇA MILES E COLTRANE TOCANDO JUNTOS EM NOVA YORK

Rodolfo Vicentini,
Rádio UOL

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4 Comentários

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bananazurre895039372

Texto raso, mesmo pra uma matéria curta, fica claro q pra quem escreveu jazz e só um fetiche passageiro, imprecisão gritante sobre a história do espancamento de chet baker.

adalberto.miguel

Felizmente a série é curta. O própro Satchmo foi usuário de drogas praticamente a via toda. Krupa usava marijuana abertamente. Mas, o que importa isso? A mídia quase nada fala sobre a profunidade do trabalho dos grandes jazzistas, dando pouquíssimas informações para os mais jovens e menos informados. Quando o faz é para falar sobre suas vidas particulares que não deveriam importar a ninguém. Foi péssimo!

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