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Carreira ou filhos? Cantora Nila Branco escolheu ser "mãe 24 horas"

UOL Música

07/06/2016 07h00

Nila Branco 2

Nila Branco retomou a carreira musical após sete anos tendo como "profissão" ser mãe 24 horas por dia. A cantora, que já teve canção em trilha de novela da Globo ("Desejos de Mulher"), reduziu a quase zero suas atividades nos palcos em 2006 para cuidar de sua filha Luiza, que tinha 13 anos.

A rotina de shows de Nila Branco dificultava o acompanhamento da filha única. As transformações, as dúvidas e os perigos corriqueiros na vida de uma pré-adolescente não eram compartilhados com a mãe. A ausência paterna aumentou o isolamento da filha. Os sinais de rebeldia começavam a despontar.

"Eu me sentia fracassada como artista, porque não me dedicava inteiramente por conta da dor em estar longe da minha filha, e muito mais como mãe. Eu não vi o dia do primeiro sutiã, eu não sabia com quem ela estava se relacionando. A culpa me invadia, principalmente nas horas em que eu não estava trabalhando. Eu era uma mãe virtual", conta Nila, que lançou em 2015 o DVD "Sete Mil Vezes".

No período em que se dedicou à "carreira materna", Nila fincou seu trabalho em Goiânia, onde reside. Tudo para não se afastar da filha. Ela continuou fazendo shows pelo país e produzindo álbuns, mas sempre no esquema "bate-volta" para a capital goiana.

"Creio que deve haver um bom senso neste equilíbrio entre ser mãe plena vs carreira. Lógico que uma mulher consegue lidar com as duas coisas, mas deve saber até quanto você pode ceder de um lado e de outro. Naquele momento eu tomei a decisão de ser mãe mesmo. Aquela mãe que levava para escola e para o médico. E não me arrependo".

Para suprir os prejuízos financeiros com seu afastamento da música, a cantora abriu dois restaurantes. Não deram certo. A chegada da filha à fase adulta estimulou Nila a resgatar o espaço musical perdido no eixo Rio-SP. Agora com 22 anos, formada em Administração de Empresas e namorando, Luiza viu a mãe se sentir renovada para voltar aos palcos.

Retomada a carreira, Nila apresenta seu terceiro DVD, que navega em canções pop/rock. Gravado em 2015, o material apresenta releituras de Malemolência (Céu/Alec Haiat), Alegria (Arnaldo Antunes) e Me Gustas Tu (Mano Chao).

"Compus três músicas para esse DVD Sete Mil Vezes, mas sou uma intérprete. Eu me sinto muito mais disposta do que quando eu tinha 18 anos. Hoje eu me sinto uma cantora plena, pensando somente em música".

Nila e a filha (Divulgação)

Nila e a filha (Divulgação)

Confira depoimento de Nila Branco sobre a decisão de se dedicar à filha:

"Eu me sentia fracassada como artista, porque não me dedicava inteiramente por conta da dor em estar longe da minha filha, e muito mais como mãe. Eu não vi o dia do primeiro sutiã. A culpa me invadia, principalmente nas horas em que eu não estava trabalhando. Eu era uma mãe virtual, que falava com minha filha pelo computador. Por ali, ensinava tarefas, dava broncas, dava conselhos, tentava educar à distância.

Sempre que ouvia aquele chamado característico no meu computador já sabia que era Luiza. Ela reclamava a minha ausência, chorava de saudades. Eu tinha que mostrar força e fazer com que ela reagisse bem a minha falta. O tempo passou, minha filha entrou na puberdade, menstruou e eu não vi. Começou a namorar muito cedo também. Minha mãe, uma senhora de 70 e poucos anos na época, não tinha muito controle sobre toda aquela rebeldia adolescente.

Um belo dia, chegando em casa após um compromisso, por volta de 1h da manhã, vi no meu computador, que ficava sempre ligado, um chamado dela. Me assustei! Entrei em contato de volta, e ela me disse que havia saído com seu namorado e que havia "ficado" com ele e não sabia o que fazer. Eu entrei em pânico, me descontrolei, só pensei que tudo era minha culpa, que tinha que ir embora imediatamente. Precisava tomar uma providência, arrumar um médico e ver o que fazer. Liguei para meu ginecologista em Goiânia que a atendeu no dia seguinte e fez todos os procedimentos. Me acalmei mas naquele momento eu decidi que tinha que voltar e cuidar da minha filha antes que ela se perdesse como pessoa, ficasse sem a minha referência de mãe, sem rumo na vida. Sabia de todas as consequências que um retorno implicaria: uma mudança drástica nos rumos, a estagnação dos meus sonhos artísticos e um grande impacto na minha carreira: havia acabado de gravar meu primeiro DVD em São Paulo mas fiz o lançamento do mesmo em Goiânia, após a minha volta.

Deixei para trás um apartamento que havia conseguido comprar a duras penas em SP, alguns amigos, muitos contatos que eu sabia que iriam se perder com o tempo

Mas voltava com a consciência de que estava fazendo a coisa certa. Não parei de gravar, (depois do meu retorno gravei dois DVD's e um CD) mas lógico, as coisas não ficaram tão fáceis para mim. A volta para uma capital interiorana como Goiânia, não é muito motivo de orgulho. Significa que você teve a oportunidade e não se estabeleceu. Agora, com Luiza crescida, terminando faculdade, se formando em Inglês, (para quem queria até parar de estudar…), trabalhando, dirigindo seu carro e namorando, sinto que já posso me dar ao luxo de voltar a sonhar novamente, pois nunca é tarde!"

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