Com "Galopeira" versão metal, Bruno Sutter lança 1º álbum sem Detonator
Engana-se quem pensa que o "Detonador" Bruno Sutter seja apenas um comediante cujo sonho era ser músico. Com o primeiro álbum solo da carreira lançado no começo do ano, o ex-Hermes e Renato prova que consegue entregar um trabalho sólido e de qualidade sem se apoiar no humor escrachado. "O pessoal do heavy metal queria saber como seria um álbum 'sério'", contou o músico ao UOL.
Além do lado artístico, Bruno põe a mão na massa para ser justo com os fãs que o acompanham desde o surgimento do programa cômico da MTV e a criação da banda Massacration, em 2002: "Eu posso dizer que sou o artista que mais vende discos no Brasil". Isso porque, sempre na barraquinha após as apresentações, principalmente vestido a caráter de Detonador, é o próprio cantor que vende CDs e camisetas para o público.
"Isso é uma coisa que eu transformei, porque é bacana, acabo me aproximando do fã, e isso auxilia bastante nas redes sociais também", disse Bruno.
Foi por causa dos fanáticos admiradores que o vocalista conseguiu arrecadar o necessário para gravar o álbum, a partir de um financiamento coletivo. Criando e gravando as linhas de guitarra, baixo e vocal, Bruno conseguiu reunir um seleto grupo para participar do álbum, como o baterista do Angra, Bruno Valverde, que adicionou peso ao projeto.
Apenas 3 músicas do disco não foram compostas por Bruno. "'Socorro' é do meu pai, ele era um poeta bastante sofisticado, e eu quis cantar da mesma forma que ele a declamava". Outro cover é "What If I Never Speed", puxando para um lado acústico, que lembra muito as composições de Richie Blackmore no Rainbow. "Quando eu era pequeno entrei para uma madrigal renascentista, e sempre achei Jon Downard [autor da música] muito moderno para sua época".
Fechando o álbum, o clássico "Galopeira", famosa na voz da dupla Chitãozinho & Xororó, foi transformada em uma faixa poderosa. "Essa é uma música que eu sempre ouvi quando era pequeno, e fiquei com vontade de deixar em um estilo meio Bruce Dickinson", conta o músico.
Mesmo fugindo das características do Detonador, Bruno não consegue se desvencilhar do humor, usando muita ironia no trabalho inteiro, começando com a faixa "My Boss is a Corpse". "Quem nunca pensou em matar o chefe, sabe?", brinca Bruno.
Já as composições próprias falam de inúmeros conceitos atuais. Bruno fala do stalker, do troll e até dos haters. "Não queria falar de coisas como a morte e o demônio, que são comuns no heavy metal". Variando as faixas entre o inglês e o português, Bruno pretende atingir o mercado internacional, mas reitera o valor da cultura brasileira.
"Eu aprendi a escrever muito em português com o Falcão [cantor brega]. As temáticas brasileiras são importantes. 'Metal Folclore', do Detonator, é exatamente isso. Não podemos falar do elfo, da espada de Odin, como as bandas europeias. A gente tem que falar do Curupira e do Saci".
Bruno juntou tudo o que ouviu desde a adolescência para criar o álbum. Fã de metal extremo a hard rock e New Wave of British Heavy Metal, o vocalista explicou que nunca deixou de agregar diferentes estilos. "Na verdade, a música é uma soma de coisas. Eu comecei a compôr em 1997, e ouvia muito Def Leppard e Uriah Heep, tinha muita modulação, backing vocal bem modulados. Sempre fui fã de coisas mais pesadas também, tipo Death".
MTV e internet
O Massacration, antiga banda de Bruno, foi criada ao lado dos integrantes do Hermes e Renato, e influenciaram toda a geração que acompanhava a MTV em meados da década passada.
Misturando humor escrachado e clichês do metal, o personagem Detonator ainda faz muito sucesso mesmo após o desmembramento da banda.
Sempre presente nas redes sociais, Bruno luta todo dia para continuar fazendo música. "Eu estudo o que o público consome", afirma o músico.
Com o fim da MTV, a internet virou o canal para a criatividade ser valorizada. "Trabalhar hoje em dia na televisão é bem mais difícil. Dentro do humor você não pode falar certas coisas, o caso do Rafinha [Bastos] com a Vanessa foi muito emblemático. Com a música é a mesma coisa, você não compra mais música, só ouve no streaming ou no YouTube. É um jogo de xadrez saber como sobreviver com isso", opina Bruno.
Rodolfo Vicentini
UMD
2 Comentários
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É isso ai Detonador, sucesso Bruno Sutter!
Boa sorte ao Bruno. Vou ouvir esse álbum com certeza.