Ana Carolina relembra hits em show e defende: “Mulheres podem e fazem tudo”
Um dos maiores nomes da MPB está de volta a São Paulo para comemorar mais de 15 anos de carreira. Ana Carolina se apresenta neste sábado (26) e domingo (27) no Tom Brasil, em São Paulo, e promete um novo conceito. "A maneira como se expressa não deve estar presa a uma forma única", opina a cantora ao UOL.
Relembrando a bem-sucedida trajetória musical, a turnê "Grandes Sucessos" traz uma cantora madura. "Eu imagino que não se evolui olhando para o passado, faço um exercício diário de não me colocar na tal zona de conforto, sempre busquei novos sabores, sotaques e sonoridades".
Ana Carolina ainda falou sobre o mercado musical, que está abrindo portas para as mulheres em determinados gêneros e da relação com a internet, uma transição que a cantora soube dominar.
Leia abaixo a entrevista.
Na nova turnê, você relembra grandes sucessos da sua carreira. Como é olhar para trás e pensar no seu crescimento como compositora e cantora?
O show leva o nome de "Grandes Sucessos", pois traz um apanhando de canções que durante esses quase 17 anos de carreira fizeram a ponte com o público. A cada nova canção ou álbum fui evoluindo, fui lapidando a maneira de me expressar através das letras e melodias, descobri parceiros, desvendei caminhos e me entreguei ao desconhecido toda vez que parei para produzir um novo trabalho. Eu imagino que não se evolui olhando para o passado, faço um exercício diário de não me colocar na tal zona de conforto, sempre busquei novos sabores, sotaques e sonoridades. Não costumo ouvir o que já fiz para que o que está por vir chegue sem interferências. Evoluo a cada dia, a cada novo desafio.
Em dezembro, eu lanço o meu primeiro livro, "Ruído Branco", e é novamente um pulo no desconhecido. Nele apresento algumas das minhas pinturas e fiz questão de musicar alguns dos poemas, ele é um exemplo desse exercício de fazer, de uma "agonia" em buscar o que ainda não sei. Gosto desse "esconde-esconde" sem saber como a brincadeira resultará. Esse show é uma celebração coletiva, cantamos juntos e o público tem muita participação, gosto quando dizem que tal música marcou tal momento da vida, percebo que a compositora, a cantora, a instrumentista, a pintora, a editora e diretora dos vídeos e a autora são, na verdade, a mesma menina tentando se expressar mas sem deixar de lado a timidez e a curiosidade de desbravar sem saber onde se vai chegar. Faço tudo como se fosse a primeira ou a última vez, simplesmente faço.
As mulheres estão cada vez mais garantindo espaço no mercado musical. Se antes elas ficavam restritas a alguns gêneros, agora elas dominam até o sertanejo e o funk. Como você vê esse crescimento feminino na música?
Pra mim não é novidade, desde Chiquinha Gonzaga as mulheres estão vencendo barreiras, [o Brasil] é um país de cantoras e não há que se medir resultados por estilos, as mulheres podem e fazem tudo e sempre será assim. A música contem em si uma alma feminina, nossas mães cantam para ninar, não haverá música sem a mulher, nunca.
Você é muito ligada com a internet e os serviços de streaming. Como você enfrentou a transição entre a venda de CDs e o costume de ouvir música pela internet?
Como já disse Lulu Santos, "tudo muda o tempo todo no mundo", mas o que fica disso é a música, não importa como a consumam ou através de que plataforma, a que tiver disponível para chegar ao público, estarei embarcando. Minha função é fazer e quando componho não penso em meios, penso em mensagens.
Como funciona essa parte mais "moderna" nos shows, com programações, percussões eletrônicas e samplers? Você acredita que a MPB precisa de renovação?
Quando a gente diz "moderna", o tempo já passou e a "modernidade" já se foi, a maneira como se expressa não deve estar presa a uma forma única, podemos fazer música com sons de macacos, com caixas de fósforos, com o bater de panelas, com oboés e harpas, não se deve colocar em embalagens, rotular… Eu faço o que me vem na alma e não vejo diferença em criar um arranjo de cordas com o Guinga, ou colocar a voz da "Siri", do smartphone. O importante é que o resultado esteja de acordo com o que imagino ser arte. A MPB é eterna e está em constante mutação, não é e nunca será algo que passou, a MPB é talvez o maior elo com o futuro da nossa identidade musical. Ela tudo contém e tudo está contido.
Serviço:
Ana Carolina – "Grandes Sucessos"
Quando: Sábado (26) e Domingo (27)
Local: Tom Brasil (R. Bragança Paulista, 1281 – Santo Amaro, São Paulo – SP)
Horário: 22h (dia 26) e 20h (dia 27)
Ingressos: R$ 100 a R$ 240
Rodolfo Vicentini
UMD
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